Presidenciais. Marcelo e falta de dinheiro fazem Santana sair da corrida

Presidenciais. Marcelo e falta de dinheiro fazem Santana sair da corrida


Santana Lopes desiste de Belém e entre as justificações assume não ter “posição cimeira” nas sondagens.


Marcelo Rebelo de Sousa foi surpreendido pelo anúncio da decisão de Pedro Santana Lopes “no meio do Alentejo”, depois de contactado pelo i. Tão surpreendido que o comentador e candidato a candidato presidencial não quis, para já, dizer nada sobre o assunto. Santana Lopes é menos um, pela direita, na corrida a Belém. Justificou a desistência com os “deveres” na Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, mas a onda que Marcelo mobiliza dentro do partido (e não só) e os riscos financeiros de uma candidatura sem apoio da estrutura partidária foram os pesos pesados nesta decisão. 

Há duas semanas, no semanário “Expresso”, Pedro Santana Lopes tinha dito que “5 de Outubro será uma boa data para anúncios, seja qual for a decisão”. Mas perante a pergunta se quem não concorresse não deveria anunciar antes, o antigo primeiro-ministro respondeu:“Se for para dizer não, nenhum candidato se deve considerar impedido de o fazer”. Foi o que acabou de fazer, depois de ter aberto a porta a Belém, de par em par, em Janeiro, colocando-se no xadrez dos presidenciáveis e dizendo até que as candidaturas deviam estar definidas até à primavera deste ano. Acabou por recuar nisso e concordar com Marcelo que já tinha atirado essa decisão para depois das legislativas. Agora recuou de vez e oficialmente, minutos depois de o ter comunicado aos seus mais próximos.

Num comunicado enviado à Lusa, ontem ao final do dia, o provedor da Santa Casa foi claro: “Não serei candidato à Presidência da República nas próximas eleições. Tomei esta decisão, considerando os meus deveres enquanto Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e, também, as minhas responsabilidades profissionais”. Nada que não soubesse em Janeiro quando se afirmou disponível para avançar, é certo, mas com o tempo Santana foi vendo Marcelo Rebelo de Sousa criar uma onda no terreno e acabou por reconhecer a vantagem dessa eventual candidatura. 

Aliás, no seu anúncio de ontem, admitiu isso mesmo, embora sem referir nomes: “Por outro lado, a generalidade dos estudos de opinião, sendo lisonjeiros, não me colocam numa posição cimeira, o que diminui o meu dever.” No texto, Santana sublinha que “não correria por correr” e que apenas iria a votos se tivesse “fortes possibilidades” de vencer as presidenciais.

Fonte próxima acrescenta ainda outro dado: dificuldade de financiamento. Uma candidatura política é pesada a este nível, ainda mais sem o apoio de uma estrutura partidária. “Era muito difícil avançar por conta própria não tendo dinheiro nem o apoio do PSD”, fundamenta a mesma fonte. 

Quanto ao timing do anúncio, o próprio ex-candidato a candidato presidencial diz que a ideia foi não correr riscos de associação da decisão ao resultado das legislativas. “Deixar a divulgação desta decisão para depois de 4 de Outubro nunca permitiria esclarecer uma provável dúvida desse teor”, sublinhou no comunicado onde ainda acrescentou considerar que a decisão “em nada perturba, nem mistura, só clarifica”.

Quanto ao futuro e às presidenciais, Santana desejou “felicidades a quem tomar a decisão de ser candidato à Presidência da República, muito especialmente, como se compreenderá, aos dois que estão anunciados no espaço político” a que pertence, numa referência a Rui Rio e a Marcelo Rebelo de Sousa. Nomes ao lado dos quais o provedor da Santa Casa de Lisboa não quer agora voltar a aparecer como candidato presidencial nas sondagens. Foi um dos pedidos expressos que fez, ao mesmo tempo que sublinhou que um deles já garantiu “que nada o impedirá de ser candidato, nem sequer a apresentação de outros candidatos na mesma área política”. Foi Marcelo Rebelo de Sousa.

Os dois (Marcelo e Santana) concordam – e Marques Mendes também já disse o mesmo – que o PSD não deve apoiar ninguém numa primeira volta, caso exista mais do que uma candidatura da área política do partido. “OPSD não deve apoiar ninguém na primeira volta [a menos que só houvesse um candidato]. E na segunda volta deve apoiar o candidato do partido”, tem dito Santana. À direita, a lista de presidenciáveis voltou agora a encolher.