Heung-min Son. 30 milhões e o abc do marketing

Heung-min Son. 30 milhões e o abc do marketing


Sul-coreano foi vendido pelo Bayer Leverkusen ao Tottenham por uma quantia aparentemente exagerada.


O Tottenham tentou tudo para contratar Saido Berahino ao WBA, depois de vender Roberto Soldado ao Villarreal. Não conseguiu e acabou por dirigir os seus esforços e dinheiro para Heung-min Son, avançado sul-coreano do Bayer Leverkusen, que assinou pelos ingleses esta sexta-feira, numa transferência avaliada em 30 milhões de euros.

Para muitos, Heung-min Son, aos 23 anos, é o melhor jogador asiático. Ainda assim, e mesmo depois de cinco temporadas bem-sucedidas na Alemanha, onde marcou mais de 40 golos pelo Hamburgo e Bayer Leverkusen, os 30 milhões dados pelo Tottenham parecem um exagero.

A questão é que de Heung-min Son não serão esperados apenas grandes jogos, mas também muitos milhões em marketing, vindos directamente do continente asiático. Para percebermos melhor a questão bastará recordar o caso de Hidetoshi Nakata, um dos melhores jogadores da história do Japão, e antigo capitão da selecção, que em 1998 deixou o país em direcção a Itália.

Na altura, o Perugia apostou quatro milhões de euros na contratação deste médio desconhecido, que rapidamente provou em campo que de tosco nada tinha, ao longo das duas temporadas que passou no clube. Mais importante do que o seu toque de bola foram mesmo as receitas que o japonês trouxe ao pequeno clube italiano. Na sua estreia na Serie A, 5.000 japoneses voaram de propósito até Itália para o ver jogar, sendo que nos restantes jogos a média de compatriotas de Nakata presentes em cada encontro andou à volta dos 3.000. O fenómeno não se ficou por aqui, já que na altura foram de imediato encomendadas 70 mil camisolas de Nakata, que eram fabricadas pela empresa de vestuário da família Gaucci, a dona do Perugia. Também na internet Nakata era imparável, com o seu site a registar 200 mil vistas diárias.

Por essa razão, não foi de estranhar quando em 2000 a Roma acenou com quase 22 milhões de euros pelo médio japonês. Nessa época, a Roma venceria o seu último campeonato, mas não graças a Nakata, que passaria grande parte da temporada no banco. O seu contributo acabou por ser outro, através de campanhas de marketing pelo Japão, que permitiram ao clube italiano abrir muitas lojas por toda a terra do sol nascente.

O efeito Nakata acabou por não passar e, em vésperas de Mundial do Mundial de 2002, disputado no Japão e na Coreia do Sul, o jogador japonês deixou a Roma após apenas uma temporada, em direcção ao Parma. Para isso, o agora falido clube italiano desembolsou cerca de 29 milhões de euros, o valor mais elevado alguma vez dado pelo Parma por um jogador. Nakata deixaria o Parma em 2007, passando ainda pelo Bolonha, Fiorentina e Bolton, onde terminou a carreira, ainda com 29 anos.

As duas transferências de Nakata entre clubes italianos eram, até hoje, as mais elevadas relacionadas com jogadores asiáticos. Heung-min Son é o novo rei, e o valor a bater são 30 milhões de euros.