Sardinha. Pescadores espanhóis criticam plano de pesca português

Sardinha. Pescadores espanhóis criticam plano de pesca português


A razão para que Portugal tenha esgotado as quotas de pesca da sardinha, e Espanha não, prende-se com o plano de gestão que cada país segue. Quem o diz são os pescadores espanhóis, mas por cá há quem pense o mesmo. 


Os pescadores de sardinha do Golfo de Cádiz (Andaluzia, no sul de Espanha) asseguram que têm um plano de apanha que cumpre os limites de captura acordados e lamentam que os pescadores de Portugal, mas também do norte de Espanha, não tenham um plano igual.

"Os pescadores do Golfo de Cádiz cumprem escrupulosamente o limites de captura (entre 2.000 e 3.000 quilos por dia e por barco), as restrições de captura aos fins de semana, as paragens por motivos biológicos. Tudo conforme os acordos [entre Espanha e Portugal]", disse à agência Lusa o presidente da Federação Andaluza de Empresários de Pesca, Pedro Maza.

Humberto Jorge, da Anopcerco (Associação Nacional das Organizações de Produtores de Pesca de Cerco) , disse ao i que, embora Espanha tenha 32 % da quota piscatória atribuída e Portugal os restantes 68%, os espanhóis não têm tido problemas com a pesca da sardinha, e também aponta como possível justificação um modelo de gestão mais eficiente.

A Câmara Municipal e a Associação de Pescadores e Armadores da Nazaré entregaram esta quarta-feira no Ministério da Agricultura e do Mar as últimas sardinhas capturadas pelos pescadores locais, juntamente com um pedido ao governo: "deixem os pescadores trabalhar". Esta acção simbólica pretendeu sensibilizar o governo para negociar a quota sugerida pelo Conselho Internacional para a Exploração dos Mares (ICES), que consideram vir a provocar a ruína do sector. Os pescadores pedem que a quota de 2016 seja de 30 mil toneladas. Mas, do lado da Direcção-Geral dos Recursos Naturais já disse que as 13 mil toneladas permitidas este ano seria o "melhor que se poderia esperar" para o próximo ano. 

Já em Abril, várias associações de produtores portugueses acusaram Madrid de "adulterar" a chave de repartição da pesca da sardinha, prevendo pescar mais do que antes, algo que o governo espanhol negou. "Os pescadores de Cádiz são os últimos que podem ser criticados nesta matéria. Acho que os pescadores do Norte de Espanha e de Portugal não podem dizer o mesmo", salientou Pedro Maza, para quem os pescadores portugueses não têm um plano de gestão da espécie tão eficaz.

Pedro Maza sublinhou que os pescadores de sardinha dos vários portos do Golfo de Cádiz (Isla Cristina, Sanlúcar, Cádiz ou Barbate) respeitam esse plano desde 2004 e que a maioria do peixe desta espécie que apanham é para consumo em fresco e na zona, não para exportar para Portugal.

Alfonso Reyes, Patrão Maior da Confraria de Pescadores de Barbate, insistiu que os pescadores portugueses – que já chegaram ao limite de apanha – e os do Norte de Espanha (especialmente da Galiza) não têm um plano de gestão da captura que respeite a espécie.

Reyes acrescentou ainda que a maioria da sardinha apanhada este ano pelos pescadores da zona tem sido em bancos de pesca em Marrocos (em virtude de um acordo entre os dois países).

"A apanha de sardinha local este ano foi de 10% em relação aos anos anteriores", sublinhou. Com Lusa