Grécia. Tsipras recusa qualquer aliança com Nova Democracia

Grécia. Tsipras recusa qualquer aliança com Nova Democracia


Na primeira entrevista depois da demissão, Alexis Tsipras refere que “era melhor que o memorando que assinámos nem fosse implementado”


"Devo admitir que calculámos mal a intensidade da resposta dos círculos conservadores da Europa e além de termos sobrestimado o poder do sentimento de justiça subestimámos o do dinheiro." É desta forma que Alexis Tsipras, primeiro-ministro demissionário da Grécia, olha agora para o processo negocial com os credores dos últimos meses que resultou no terceiro resgate ao país.

Tsipras deu na noite desta quarta-feira a primeira entrevista desde que apresentou a demissão, precipitando o avanço de eleições antecipadas no país e acelerando os processos de ruptura interna do Syriza. Ao longo da entrevista à televisão grega, o líder do Syriza defendeu as opções estratégicas do seu governo ao longo das negociações com os credores, salientando que a saída do euro, mais do que uma opção estratégica para o país, era o desejo do "inimigo" e resultaria numa catástrofe para a Grécia.

Já em relação às eleições que se aproximam – serão agendadas esta sexta-feira -, e apesar das crescentes divisões no Syriza e da queda do partido nas intenções de voto, Tsipras recusou a possibilidade de qualquer aliança pós-eleitoral com a Nova Democracia, mesmo que não consiga um resultado que lhe permita formar governo.

Uma sondagem divulgada ontem atribui uma diferença de dois pontos entre os dois partidos, com 24% para o Syriza e 22% para a Nova Democracia, únicos partidos com mais de 6% das intenções de voto.

Sobre a demissão, Tsipras explicou que "tomou a decisão de devolver a palavra aos gregos logo a 12 de Julho e assim o fiz a 20 de Agosto, assim que o ciclo negocial foi fechado e o país recuperou a estabilidade financeira". A referência a 12 de Julho surge porque foi quando se realizou a cimeira europeia que se prolongou pela madrugada e que resultou no princípio de acordo para a negociação do terceiro resgate.

Apesar da mudança de postura do governo grego face ao terceiro resgate, Tsipras continua convicto que este é o caminho errado: "Não acredito que os resgates falharam porque não foram implementados na totalidade mas sim porque são a receita errada. Era melhor que o memorando que assinámos nem fosse implementado."