Café Central. Está na Altura de nos dedicarmos ao desporto

Café Central. Está na Altura de nos dedicarmos ao desporto


Levantamento de canecas de cerveja, matraquilhos, Volta a Portugal, torneios de futebol, aluguer de bicicletas, Primeira Liga… No Central Sports Café de Altura, ninguém fica parado.


O Café Central de Altura não é um bom sítio para estar quando a sua equipa acaba de sofrer uma dolorosa derrota. Nas muitas televisões, o mais provável é ser massacrado com inúmeras repetições de golos e análises sobre “olhos clínicos”, bullying por SMS e afins. Já para não falar nos comentários das mesas do lado. Estamos num Central Sports Café e aqui não se fala de outra coisa a não ser de desporto.

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Felizmente, quando o visitamos ainda estamos distantes de tudo isto, na doce pasmaceira da Volta a Portugal, e o défice de atenção apodera-se de nós enquanto nos tentamos concentrar numa das rodas de bicicleta no ecrã. Noutra mesa, uma senhora com os mesmos sintomas lê o i enquanto o marido se entretém, claro, com um jornal desportivo.
“O quinto e o sétimo classificados desta etapa são clientes aqui do café”, conta Valter Agostinho, o dono do Central Sports, ainda de volta da Volta a Portugal. “Aliás, são aqui da zona.”

Desde o início do artigo que estamos a escrever Café e não C@fé, como se lê no toldo branco mesmo no centro de Altura. Se costuma passar férias nesta zona, quase na fronteira com Espanha e onde a água tem fama de ser mais quente, pode ser que repare neste nosso erro e queira até encher-nos a caixa de correio com uma ou outra reclamação. Não se incomode, até porque o dono do C@fé também não. 

CiBERC@FÉ

“No início, quando abrimos, quisemos fazer um cibercafé, daí o logótipo”, explica. “Mas entretanto apareceu o wi-fi e os tablets, e isso acabou.”

Hoje em dia, ainda encontramos um computador desses tempos desligado num canto. Também há cachecóis do Euro-2014, quando o café podia perfeitamente ter substituído o Estádio do Algarve no que diz respeito a jogos de futebol.
“Quando abri, em 2003, um ano antes do Euro, já tinha isso em mente”, confessa Valter. “Pusemos logo plasmas lá fora, essa era a altura dos plasmas.” Antes disso, e desde os 19 anos (agora tem 39), geria um bar na praia de Altura. “Mas estava cansado de trabalhar à noite e decidi abrir este café dedicado ao desporto.”

DOIDOS POR BOLA
Aqui não nos ficamos só pela mesa de matraquilhos. Há vários ecrãs para ver a bola e Valter, o dono do café, costuma reunir-se com amigos, quando as portas fecham, para gravar comentários desportivos. Chegou a treinar os juniores do Olhanense 

Esta obsessão por desporto é de tal ordem que até no tecto há um pequeno saco de boxe, não vá alguém querer descarregar alguma raiva acumulada. Apesar de este continuar a ser o sítio preferido de Altura para assistir a jogos de futebol, Valter garante que nunca houve grandes discussões nas mesas.

A julgar pelo papel pendurado na esplanada, poderá é ter havido discussões por causa de copos de água. Se está com sede, é melhor pedir uma cerveja porque, fica desde já avisado, “copos com água só ao balcão”. Estamos já a imaginar a prática frequente de ocupar uma mesa para ver a bola e pedir um copo de água. Mas isso fica para a análise de outros “olhos clínicos” e para outros artigos.

TIRA MUITO TEMPO

Valter Agostinho desde sempre jogou futebol e chegou a ser treinador. 

“Treinei o Lusitano, de Vila Real, e era treinador dos juniores do Olhanense há seis anos, quando subiram de divisão”, conta. Acabou por desistir para se “dedicar mais a isto”, até porque, palavras do próprio, “o futebol tira muito tempo”.
Tira muito tempo, mas continua a fazer parte da vida de Valter e do café, que é conhecido pelas tostas (camarão, frango, queijo, atum, é escolher). Além da mesa de matraquilhos, ideal para umas noites de copos (o café fica aberto até às duas e, às vezes, três da manhã), são patrocinadores de equipas de futebol, de atletismo e de futebol de praia – daí as taças que se acumulam nas prateleiras. 

PROGRAMA DE TV

No Inverno organizam também um torneio de futebol no Polidesportivo e até quando o café fecha portas aproveitam para gravar comentários desportivos.

“Temos um programa televisivo no Meo Canal gravado aqui, o Inter Zonas, e costumamos ao fim do dia comentar os jogos”, explica.

Já estamos a ficar quase tão cansados de futebol como de cafés centrais, mas há mais alternativas para espairecer e encontrar outras praias. Por exemplo, as bicicletas a 5 euros ao dia ou a 20 euros à semana, perfeitas para quem está de férias.

O dono do Central Sports Café é um sportinguista assumido, mas a casa recebe adeptos de todos os clubes. “Aqui em Altura, até há mais benfiquistas, mas em geral, no Algarve, a diferença entre sportinguistas e benfiquistas é mínima”, garante. “Embora haja terras, como Tavira ou Olhão, em que é só mesmo sportinguistas.” Não nos responsabilizamos por estas estatísticas.

Café Central de Altura
Ano: 2003
Dono: Valter Agostinho
Especialidade: As tostas
Preço do café:  70 cêntimos
Preço da cerveja: 1,10 euros a imperial;2,50 euros a caneca 
Clube de futebol do dono: Sporting