Refugiados. Merkel critica violência “imbecil” em centro de acolhimento

Refugiados. Merkel critica violência “imbecil” em centro de acolhimento


Chanceler criticada por reacção tardia às acções de neonazis no centro de Heidenau, onde segurança foi reforçada.


“Avergonha nazi de Heidenau” foi como o jornal “Bild” descreveu os acontecimentos explosivos da passada semana perto de Dresden. “Merkel tem de quebrar o silêncio”, ditou a manchete de outro jornal no sábado. Passaram três dias até isso acontecer, ontem de manhã, com o porta-voz da chanceler a descrever os protestos neonazis e de extrema-direita de sexta-feira como “nojentos” e “vergonhosos”. “[É]aberrante como extremistas e neonazis tentaram espalhar a sua imbecil mensagem de ódio num abrigo de asilados”, disse o gabinete da chanceler alemã em comunicado.

Nos últimos meses, sobretudo com o aumento do número de refugiados que procuram protecção e vidas melhores na União Europeia, os ataques a centros de acolhimento e protestos anti-imigração têm estado em crescendo na Alemanha, o Estado-membro que mais pessoas tem acolhido. Um dos piores foi o de sexta-feira, quando centenas de neonazis atiraram garrafas e fogo-de-artifício contra o centro de Heidenau e contra a polícia, confrontando–se de seguida com outros tantos manifestantes que defendiam a integração dos refugiados.

Uma sondagem recente citada ontem pela BBC revelou que 67% dos alemães estão “seriamente preocupados” com o aumento deste tipo de ataques, com um outro inquérito de opinião a demonstrar que 93% da população considera que o “mais correcto” é dar asilo aos que fogem de guerras. Por todo o país, há cada vez mais mobilização de cidadãos para encher armazéns com roupa em segunda mão, brinquedos e outros mantimentos para os refugiados.

Depois dos acontecimentos de sexta, a segurança em torno do centro de Heidenau foi reforçada. A polícia usou gás lacrimogéneo e gás-pimenta na madrugada de sábado para dispersar os extremistas e mais de 30 agentes ficaram feridos. Oministro do Interior, Thomas de Maizière, já prometeu usar “toda a força da lei” contra os responsáveis, com o vice-chanceler, Sigmar Gabriel, a visitar ontem o local. A chancelaria diz que é provável que o número de pessoas no centro suba de 300 para 600 nas próximas semanas, antevendo que cerca de 800 mil refugiados peçam asilo na Alemanha até ao final do ano.