Marinho e Pinto é candidato por Coimbra, mas tenciona percorrer todo o país em campanha eleitoral ou não fosse ele a principal atracção do Partido Democrático Republicano (PDR). “Vamos fazer uma campanha semelhante à que a oposição democrática fez antes do 25 de Abril”, garante ao i o advogado de Coimbra, que foi a grande surpresa das eleições europeias, conseguindo quase 255 mil votos, à frente do Bloco de Esquerda.
E justifica: “O que se está a passar é que os métodos que as maiorias utilizam são semelhantes aos métodos que a ditadura fascista utilizava para segregar aqueles que ameaçavam a sua sobrevivência.”
O ex-bastonário da Ordem dos Advogados, que concorre pela primeira vez a deputado, refere-se à lei da cobertura jornalística em período eleitoral que só inclui nos debates televisivos os partidos representados na Assembleia da República. O PDR fica de fora, mas vai para a estrada contestar “um sistema que está caduco e decadente”, garante Marinho e Pinto. “Um sistema que não consegue garantir condições de igualdade entre todos é um sistema que está à beira do fim. Este sistema assenta na mentira de que o PSD e o PS são alternativa um ou outro”, diz o candidato, alertando: “Estamos há 40 anos com governos do PS e do PSD e os resultados são sempre os mesmos, porque o país está mais pobre ao mesmo tempo que se acumulam fortunas entre as clientelas desses partidos.”
BRUXELAS OU LISBOA? Com este discurso, Marinho quer conquistar o eleitorado descontente, mas assume que mais depressa o PDR elege outros candidatos do partido do que ele próprio. Ao concorrer por Coimbra, o advogado arrisca não ser eleito, já que o mais fácil é os partidos de menor dimensão elegerem os seus representantes pelo círculo de Lisboa (o círculo de Lisboa elege 47 deputados, enquanto o de Coimbra elege apenas 10). Se não for eleito, Marinho e Pinto continua em Bruxelas e vai cumprir o mandato até ao fim, em 2019. “Não tenho razões para sair, apesar de ter sido uma desilusão. Deve ser o único parlamento do mundo onde os deputados não podem fazer propostas. Não é um verdadeiro parlamento.” As críticas ao funcionamento das instituições europeias não são novas. O candidato já tinha considerado que o caso mais “vergonhoso é a remuneração auferida pelos eurodeputados, que pode chegar aos 17 mil euros por mês”. Cinco vezes mais do que ganha um deputado na Assembleia da República.
A intenção de abandonar o Parlamento Europeu em 2015 pode, porém, não se concretizar, se não conseguir ser eleito nas eleições do dia 4 de Outubro. Ao i, Marinho assume que é um risco ser candidato por Coimbra, mas que “toda a vida” correu riscos e que só “violando” as suas “convicções” poderia candidatar-se por outro distrito. “Vivo e trabalho em Coimbra há 45 anos. Se for eleito deixarei o Parlamento Europeu com todas as suas mordomias e assumirei o lugar de deputado na Assembleia da República”.
A lista do círculo de Lisboa é liderada por Rodrigo Sousa e Castro. O militar de Abril já anda em campanha e na sua página de Facebook apela ao voto “no partido de Marinho e Pinto, o PDR”. Sousa e Castro garante que não se cansará, nesta campanha eleitoral, de “denunciar a corrupção a mentira e a demagogia dos que nos têm governado”. OPDR vai apresentar listas em todos os círculos eleitorais.