Rio Paiva. Autarquias negam descargas poluentes

Rio Paiva. Autarquias negam descargas poluentes


O rio Paiva foi transformado num esgoto a céu aberto, devido às descargas poluentes da ETAR directamente no rio”, referiu a associação SOS Rio Paiva.


As câmaras de Vila Nova de Paiva e de Castro Daire, no distrito de Viseu, negaram esta segunda-feira a existência de descargas poluentes para o Rio Paiva provenientes das suas estações de tratamento de águas residuais (ETAR).

No domingo, a associação SOS Rio Paiva denunciou a existência de descargas poluentes neste curso de água, classificado como área protegida, e pediu medidas urgentes para que a lei seja cumprida.

“Em Vila Nova de Paiva, o rio Paiva foi transformado num esgoto a céu aberto, devido às descargas poluentes da ETAR directamente no rio", referia a associação, em comunicado, acrescentando que continua o desenvolvimento de projectos turísticos nesta área sem que estejam resolvidos os problemas de poluição.

Contactado pela agência Lusa, o engenheiro do Ambiente da Câmara de Vila Nova de Paiva, Ricardo Coelho, garantiu que tal não é possível e que não foi reportado “qualquer problema operacional” da ETAR.

“Temos toda uma infra-estrutura de drenagem de águas residuais, não é possível haver uma descarga ilegal”, garantiu, acrescentando que o município tem “alvará de rejeição de águas residuais válido até Maio de 2017”, atribuído pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA).

A SOS Rio Paiva contava que, numa visita feita no sábado, verificou que o troço do rio a jusante da ETAR tem “cheiros nauseabundos” e que todo o leito está “transformado num pântano de esgotos sem tratamento, dois quilómetros a montante de uma zona de lazer junto ao rio (Fráguas)”, frequentada por centenas de pessoas, o que considera “extremamente grave do ponto de vista da saúde pública”.

Ricardo Coelho frisou que, melhor do que a autarquia, a APA sabe o estado da água na praia fluvial, porque “retira análises à qualidade da água semanalmente”, que ficam disponíveis no seu sítio da Internet.

“Até ao momento, em toda a época balnear, não tivemos qualquer inconformidade analítica”, assegurou, lamentando que a SOS Rio Paiva não tenha pedido qualquer esclarecimento ou colaboração à autarquia.

No comunicado, a SOS Rio Paiva referia ainda que, “também em Castro Daire há problemas graves com as ETAR do concelho, com descargas frequentes de poluição no rio e nos seus afluentes”.

O presidente da Câmara de Castro Daire, Fernando Carneiro, disse à Lusa que essa afirmação “é completamente falsa”, explicando que o concelho tem duas ETAR que estão “a funcionar em condições”.

“A Câmara não faz descargas no rio Paiva, até porque nós estamos a beber de lá água”, frisou, contando que, após ter tido conhecimento do comunicado, mandou os fiscais averiguar a situação e “não havia qualquer problema”.

Lusa