Depois de Peniche e da Nazaré deverá ser a vez de Portimão atingir a quota de pesca de sardinha nos próximos dias. Desde sábado que está interdita a captura nestes dois portos, depois de as quotas permitidas terem sido atingidas um mês antes do previsto. Uma medida que, para já, está a afectar 300 pescadores e 20 empresas de pesca, mas poderá vir a afectar, em todo país, 2015 trabalhadores e 150 embarcações.
Tendo em conta que este é o período em que a espécie é mais valorizada, a organização de produtores de pesca do Centro chegou a propor o aumento de 15% da captura – a quota está fixada em 13 mil toneladas – por mais duas ou três semanas, mas não foi bem sucedida. A ministra da Agricultura, Assunção Cristas, avisou que regras são regras e ninguém pode falhar sem penalizações, incluindo Portugal.
“Lembro que esta gestão da sardinha é feita por Portugal com Espanha, em conjunto, e se nós não nos portarmos bem, se não cumprirmos aquilo que em conjunto definimos com o sector, corremos o risco de ver, de hoje para manhã, Bruxelas determinar uma quota para a sardinha que certamente será mais penalizadora que aquela que temos”, advertiu.
Esta proibição levou dez municípios do país – Peniche, Nazaré, Figueira da Foz, Matosinhos, Sesimbra, Sines, Loulé, Portimão, Setúbal e Olhão – a exigirem o aumento da quota de captura de sardinha para este ano e para o próximo, afirmando que “não põe em causa a gestão do stock” que “continuará a crescer 2%”. Mais um argumento que não foi aceite pela tutela, que quer manter o que ficou determinado no Plano de Gestão da Sardinha elaborado em 2011. No entanto, o Ministério da Agricultura e do Mar assegura que nas próximas semanas vão ser anunciadas medidas de apoio aos pescadores que decidirem não pescar além dos stocks.
Preço triplica O preço médio de venda da sardinha triplicou desde 2010, acompanhando a diminuição das capturas, que evoluíram na proporção inversa, revelam as estatísticas da Docapesca. Em 2010, por exemplo, foram descarregadas nas lotas nacionais 57 mil toneladas de sardinha, que não chegavam a custar um euro por quilo (0,64 cêntimos foi o preço médio pago nesse ano), mas em 2014 o volume tinha caído para pouco mais de um terço (cerca de 16 mil toneladas), fazendo os preços disparar para 1,99 euros.
O aumento foi constante nos últimos cinco anos: em 2011 as 54 mil toneladas de sardinha que chegaram às lotas foram vendidas em média a 0,76 euros, em 2012 a 1,30 euros (correspondentes a 32 mil toneladas transaccionadas) e em 2013 o preço médio foi de 1,43 euros.
Já nos primeiros seis meses deste ano o preço de venda rondou em média 1,74 euros, tendo sido capturadas 6259 toneladas, quase metade da quota de 13 500 toneladas atribuídas a Portugal em 2015.