Depósitos para emigrantes. Bancos reforçam  oferta mas cortam nos juros

Depósitos para emigrantes. Bancos reforçam oferta mas cortam nos juros


O melhor é optar por produtos alternativos com remunerações superiores, como os certificados.


Os bancos têm vindo a reforçar a sua oferta de depósitos para emigrantes ou residentes no exterior, criando até serviços para os motivar a canalizar as suas poupanças para Portugal. A explicação é simples: de acordo com os últimos dados do Observatório da Emigração, os portugueses continuam a ver no estrangeiro uma oportunidade de melhorar o seu nível de vida. Só no ano passado emigraram mais de 110 pessoas e no total estima-se que vivam 5,5 milhões de portugueses em todo o mundo. Apesar deste número crescente, os bancos não se convencem a melhorar as remunerações dos seus produtos destinados a este segmento. As melhoras taxas oferecidas pelas instituições financeiras não chegam a atingir 1%, com a maior parte das ofertas a variar entre 0,072% e 0,7% líquidos.

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A Associação de Defesa do Consumidor (Deco) fez uma ronda pela oferta existente e comparou as contas especiais para residentes no estrangeiro em euros com os depósitos normais para qualquer cliente ou outras aplicações de poupança semelhantes. “Nenhuma das ofertas se mostrou mais rentável que os melhores depósitos a prazo normais, ou seja, aqueles que se destinam a qualquer cliente residente em Portugal, ou do que outras aplicações, caso dos Certificados do Tesouro Poupança Mais”, salienta a entidade. Como acontece aliás com a generalidade dos depósitos bancários que “oferecem taxas com muitos zeros, mas do lado errado da vírgula, ou seja, taxas muito próximas de zero”.

Por isso mesmo, quem reside no exterior e pretende canalizar as suas poupanças para Portugal deverá optar pelos depósitos mais rentáveis do mercado, que actualmente atingem os 1,4% líquidos a um ano.

De acordo com as contas da DECO, mesmo os certificados de aforro, que já não são recomendados por a remuneração apresentada ser baixa – actualmente a taxa fixada é de 0,981% –, apresentam uma taxa superior à maior parte destas contas “especiais” para residentes no exterior.

A melhor opção, segundo a mesma, recai nos Certificados do Tesouro Poupança Mais para quem esteja a pensar em investir numa lógica de médio e longo prazo (cinco anos), uma vez que estes rendem 1,6% líquidos ao ano, em termos efectivos. Este produto tem taxas crescentes, que vão de 1,25% no primeiro ano a 3,25% no quinto ano.

Ofertas A associação pesquisou nas 21 instituições bancárias a operar no mercado nacional e, apesar de nove bancos terem nas suas páginas online espaços para residentes no exterior, apenas seis têm contas especialmente criadas para este público.

É o caso da Caixa Geral de Depósitos (CGD), que apresenta duas soluções: os depósitos Mais RE, que podem ser constituídos por três, seis e 12 meses, e em três moedas distintas (euro, dólar norte–americano e dólar canadiano) e os DP Online CaixaNet RE, que são depósitos a três, seis ou 12 meses exclusivos para clientes residentes no estrangeiro com o serviço Caixadirecta online activo.

Também o BCP apresenta uma oferta para este segmento; tem até um sistema de pontos (Plano Portugal VIP) que premeia as transferências feitas do estrangeiro e os reforços de depósitos, desde que tenham um valor igual ou superior a 1500 euros por trimestre, pontos que o depositante poderá trocar por prémios ou serviços. Apresenta três contas poupança para residentes no estrangeiro: a poupança Valor Portugal, que é um depósito a um ano com possibilidade de reforços, a poupança Mais Portugal, a um ano e com pagamento de juros mensais e reforços mensais entre 100 e 8 mil euros, e o depósito Portugal Crescente, em euros ou dólares americanos, com pagamento anual de juros e taxas crescentes durante três anos.

Já o BPI disponibiliza a Conta Emigrante, pelo prazo de um a 365 dias com renovações automáticas. No preçário actual, apenas os depósitos com prazos superiores a 136 dias são remunerados e não permitem que se façam reforços.

O Montepio aposta na conta Montepio Aforro Residentes no Estrangeiro, que pode ser constituída em euros, dólar canadiano, libra esterlina e dólar norte-americano. Paga juros trimestrais a taxa crescente. Pode ser mobilizada a qualquer momento, total ou parcialmente, sem penalização dos juros se ocorrer nas datas de vencimento.

O Crédito Agrícola disponibiliza dois tipos depósitos: a conta DP Especial Emigrante – Curto Prazo, que paga juros no final do prazo, podendo ser constituída por um, três, seis ou 12 meses. Destina–se a particulares, cidadãos portugueses com idade superior a 18 anos que tenham a qualidade de emigrante, de acordo com a legislação em vigor.

Pode ser constituída com opção de renovação automática e permite que se façam reforços. O Depósito Emigrante – médio e longo prazo, é uma conta a três, cinco ou oito anos com pagamento de juros semestral ou anual, dependendo do prazo escolhido. Destina-se também a particulares, cidadãos portugueses com idade superior a 18 anos que tenham a qualidade de emigrante de acordo com a legislação em vigor. O cliente pode optar ou não pela renovação automática e pela capitalização dos juros.

No Banif existe o Depósito RE 6+6, para o prazo de um ano e com pagamento semestral de juros. Além disso, oferece um bónus de permanência semestral que se traduz numa taxa crescente. Pode mobilizar a conta no final do semestre sem qualquer penalização. Pode ser constituído em quatro moedas: euro, dólar norte-americano, dólar canadiano e libra esterlina.

Já o BIC, o Novo Banco e o Santander Totta têm um canal para residentes no estrangeiro, mas não apresentam nenhum produto especialmente criado para este segmento.