Mar grande


A inexorável passagem do tempo tempera-nos o feitio, para melhor ou pior, de acordo com o apuro e o refinamento dos traços e das inclinações que se tornam dominantes em nós depois da juventude. Podemos até (e devemos) mudar a opinião, naquilo que é conjuntural e que depende de factos ou acontecimentos sequenciais, que interpretamos…


A inexorável passagem do tempo tempera-nos o feitio, para melhor ou pior, de acordo com o apuro e o refinamento dos traços e das inclinações que se tornam dominantes em nós depois da juventude. Podemos até (e devemos) mudar a opinião, naquilo que é conjuntural e que depende de factos ou acontecimentos sequenciais, que interpretamos de determinada maneira, mas sempre de acordo e em coerência com o que estruturalmente nos desenhou e nos deu aquilo que somos. Dizer que “só os burros não mudam” será até muito correcto e recomendável, mas apenas na circunstância conjuntural, que não altera o fundo e a “alma” que somos. Digo--o na plena convicção de quem se aproxima, e sem qualquer espécie de saudosismo deprimente, desse curioso estatuto de “sexagenário”. E tenho o privilégio, mas não sem que fosse educado a lutar nesse sentido, de estar bem com a vida e não sofrer de insónias. Quer isto dizer que os meus filtros (ainda…) funcionarão bem.

Quando era miúdo havia modas que me seduziam logo à primeira e me traduziam conceitos iluminados, fáceis, que o meu entusiasmo púbere transformava logo em cartilha, em “buena dicha”. “Filho, disso já eu me esqueci por inútil”, dizia-me a minha agitada mãe, para que depois o meu paciente pai largasse o seu famoso dito: “Quanto mais alto me reporto, mais eminentemente me certifico.” Sábias, é verdade, as inutilidades repetem-se sucessivamente pela vida fora, e os chavões serão sempre um must quando bem aprimorados. É sempre assim. E por isso mesmo é sempre melhor rir do que chorar. Ao menos no Verão!

Escreve ao sábado 

Mar grande


A inexorável passagem do tempo tempera-nos o feitio, para melhor ou pior, de acordo com o apuro e o refinamento dos traços e das inclinações que se tornam dominantes em nós depois da juventude. Podemos até (e devemos) mudar a opinião, naquilo que é conjuntural e que depende de factos ou acontecimentos sequenciais, que interpretamos…


A inexorável passagem do tempo tempera-nos o feitio, para melhor ou pior, de acordo com o apuro e o refinamento dos traços e das inclinações que se tornam dominantes em nós depois da juventude. Podemos até (e devemos) mudar a opinião, naquilo que é conjuntural e que depende de factos ou acontecimentos sequenciais, que interpretamos de determinada maneira, mas sempre de acordo e em coerência com o que estruturalmente nos desenhou e nos deu aquilo que somos. Dizer que “só os burros não mudam” será até muito correcto e recomendável, mas apenas na circunstância conjuntural, que não altera o fundo e a “alma” que somos. Digo--o na plena convicção de quem se aproxima, e sem qualquer espécie de saudosismo deprimente, desse curioso estatuto de “sexagenário”. E tenho o privilégio, mas não sem que fosse educado a lutar nesse sentido, de estar bem com a vida e não sofrer de insónias. Quer isto dizer que os meus filtros (ainda…) funcionarão bem.

Quando era miúdo havia modas que me seduziam logo à primeira e me traduziam conceitos iluminados, fáceis, que o meu entusiasmo púbere transformava logo em cartilha, em “buena dicha”. “Filho, disso já eu me esqueci por inútil”, dizia-me a minha agitada mãe, para que depois o meu paciente pai largasse o seu famoso dito: “Quanto mais alto me reporto, mais eminentemente me certifico.” Sábias, é verdade, as inutilidades repetem-se sucessivamente pela vida fora, e os chavões serão sempre um must quando bem aprimorados. É sempre assim. E por isso mesmo é sempre melhor rir do que chorar. Ao menos no Verão!

Escreve ao sábado