A Comissão Europeia não ficou surpreendida com a demissão apresentada por Alexis Tsipras, considerando que o avanço de eleições antecipadas na Grécia não irá atrasar a implementação das reformas já acordadas com o governo de Atenas.
Annika Breidthartd, porta-voz da CE, recusou revelar se Jean-Claude Juncker teria sido avisado previamente sobre a decisão de Tsipras mas apontou que ambos falam regularmente. "A CE respeita a decisão do primeiro-ministro Tsipras de convocar eleições", disse. "Para nós não foi uma surpresa, dados os repetidos telefonemas entre o presidente da CE, Juncker, o primeiro-ministro Tsipras e o presidente grego Pavlopoulos."
"A CE considera que é importante que haja um apoio total ao programa que foi assinado pela Grécia", salientou ainda, sublinhando que as medidas em causa exigem "apoio amplo e a implementação dentro do calendário acordado".
Nova Democracia Ao longo da manhã desta sexta-feira, Vangelos Meimarakis, líder do maior partido da oposição grega, recebeu do presidente do país o mandato exploratório para tentar formar governo nos próximos três dias, conforme obriga a Constituição do país em caso de demissão do governo em funções.
Meimarakis já esteve reunido com a líder do parlamento grego, Zoe Konstantopoulou, onde debateu a hipótese de se avançar com um governo de união que evitasse as eleições antecipadas no próximo mês.
Se no final destes três dias a Nova Democracia não apresentar um governo, então o presidente do país terá que apresentar o mandato exploratório ao terceiro partido mais representado na Grécia: se até ontem o terceiro partido seria o Aurora Dourada, de extrema-direita, desde esta manhã que é a Plataforma de Esquerda que ocupa essa posição.
Plataforma de Esquerda Tal como noticiado ontem, esta manhã a ala mais radical do Syriza afastou-se do partido. A Plataforma de Esquerda, liderada pelo ex-ministro Panagiotis Lafazanis, não perdoa a Tsipras o alinhamento com a austeridade e decidiu criar um partido próprio, a "Unidade Popular"
Com a cisão, 25 deputados do Syriza passam agora a constituir um grupo parlamentar próprio, superando o total de representados pelo Aurora Dourada e assegurando de imediato a posição de terceiro partido mais representado na Grécia. "O 'Não' será ouvido outra vez. O nosso 'Não' foi traduzido por um 'Sim' por um governo que não representa o povo", disse Lafazanis ao início da tarde em Atenas, na apresentação do novo partido.
O programa da Unidade Popular baseia-se num programa antiausteridade que implica a saída da moeda única e Lafazanis estima que o grupo acabará por puxar até 30 deputados do Syriza para as suas fileiras – nem Varoufakis nem Konstantopoulou aderiram a este novo partido.
Segundo Lafazanis, o objectivo do novo partido é rasgar o terceiro resgate, cortar a dívida do país e abandonar a moeda única de forma ordeira.