Pedro Passos Coelho e Paulo Portas andam eufóricos. Descobriram que têm de ganhar votos no centro esquerda e mesmo na esquerda mais radical, aos seus camaradas de “coligação”, BE e PCP. Vai daí não param em declarações bombásticas. “Estamos hoje a lutar mais por Abril e pela liberdade do que tantos outros”, afirmou o primeiro-ministro, numa cerimónia em que apresentou as propostas do “Portugal à Frente”. Não ficou por aqui. Foi mais longe: “Nestes quatro anos fomos nós a defender o estado social do socialismo”, e acrescentou “Se conseguimos em quatro anos defender o Estado Social, livrando-o da bancarrota (…), imaginem como não poderemos nos próximos quatro levar mais longe a aposta na educação, na valorização das pessoas, no conhecimento, na saúde, no social”.
Assim se vê a força do PSD. Camaradas unidos, lutando pela Democracia e a Liberdade. Hoje há muito mais Liberdade em Portugal. Liberdade para despedir, liberdade para cortar ordenados e reformas, liberdade para privatizar tudo e mais alguma coisa, liberdade para se viver no desemprego, liberdade para emigrar, liberdade para falências e opções drásticas como o suicídio, liberdade para vender o país a retalho, liberdade para os vistos gold, liberdade para os mais ricos ficarem mais ricos e os pobres mais pobres, liberdade para cortar na educação, na saúde, na cultura, enfim, muito mais liberdade.
E sobre justiça social, nem se fala. É um regabofe de justiça social. É justiça social a transbordar. Até incomoda de tanta justiça social. Algo que durante 40 anos ninguém tinha alcançado. É o próprio primeiro-ministro quem o afiança: “Nós confiamos nos portugueses e sabemos que o que se passou até hoje não foi uma exceção ditada por um resgate externo, foi o princípio de uma mudança importante que há muitos anos ambicionávamos para Portugal e que em mais de 40 anos de democracia não conseguimos”.
Pois, já calculávamos. Nem era preciso confessar.
Um dia destes, num comício qualquer, Pedro Passos Coelho irá finalmente revelar a verdade há muito oculta: “O 25 de Abril de 1974 fomos nós que o pensámos e levámos à prática”.
Escreve à sexta-feira