Alexis Tsipras: “Vou entregar a demissão e os gregos voltarão a decidir o seu futuro”

Alexis Tsipras: “Vou entregar a demissão e os gregos voltarão a decidir o seu futuro”


O primeiro-ministro dirigiu-se aos gregos a explicar as pequenas vitórias do Syriza nas negociações com os credores e também a decisão de demitir-se


Alexis Tsipras, primeiro-ministro grego, explicou ao início da noite numa declaração transmitida pelas televisões a decisão de apresentar a demissão e iniciar os procedimentos para a realização de um novo acto eleitoral. Na declaração, o governante declarou-se orgulhoso do trabalho alcançado desde que foi eleito e realçou as medidas que o seu executivo conseguiu evitar que fossem impostas pelos credores.

"Será o fim de uma situação difícil. Demos um passo grande e decisivo", referiu sobre o avanço do resgate. "Somos obrigados a cumprir este acordo mas sem castigar as classes sociais mais baixas", salientou, abrindo o discurso para evidenciar as pequenas vitórias do governo nas negociações com os credores.

"Queriam impor mais cortes nas pensões e queriam privatizar a companhia de electricidade.. não aceitámos", deu como exemplo também. "Se os eleitores gregos não tivessem sido tão decisivos, os credores tinham conduzido a Grécia para uma catástrofe", disse a propósito do impacto do resultado do recente referendo nas negociações com as instituições europeias.

"O mandato que recebi a 25 de Janeiro esgotou os seus limites, é tempo dos gregos decidirem sobre um novo mandato", apontou então Tsipras, rematando: "Irei apresentar a minha demissão e os gregos voltarão a decidir o seu futuro." As eleições antecipadas na Grécia poderão decorrer a 20 de Setembro segundo fontes governamentais. Alexis Tsipras não falou de calendários na sua declaração televisiva.

O primeiro-ministro grego referiu ainda estar "muito orgulhoso" do seu governo já que, "apesar das dificuldades conseguimos governar e avançar com políticas distintas dos anteriores governos". Tsipras terminou apontando que "nestes tempos difíceis temos que nos focar no que mais importa: o nosso país e a democracia."

Nas últimas eleições gregas, em Janeiro deste ano, a coligação da esquerda radical obteve 36,34% dos votos, acima dos 27,81% obtidos pela Nova Democracia e dos 6,28% da Aurora Dourada. Para chegar à maioria, o Syriza contou com os 50 deputados extra reservados para o partido vencedor de eleições legislativas na Grécia e aliou-se aos Gregos Independentes (4,75%). No total, Votaram 6,3 milhões de gregos e registaram-se 3,6 milhões de abstenções.

As últimas sondagens publicadas na Grécia, realizadas no final do mês de Julho e antes da aprovação das novas medidas, têm apontado para mais de 40% das intenções de voto ao Syriza e pouco mais de 21% à Nova Democracia. Este resultado, e dado os 50 lugares no parlamento atribuídos automaticamente ao vencedor das eleições, garantiria a maioria a Alexis Tsipras sem precisar de procurar uma coligação. Falta porém saber qual o impacto da aprovação do terceiro resgate nas intenções de voto.