Costa mais ambicioso que José Sócrates na criação de emprego

Costa mais ambicioso que José Sócrates na criação de emprego


Se for governo, o PS tem como objectivo chegar a 2019 com mais 300 mil postos de trabalho do que a Comissão prevê que existam no final deste ano.


Com os cartazes partidários a dominarem as últimas semanas, faz sentido começar por eles e lembrar um de 2005, em que o então líder do PS, José Sócrates, prometia recuperar 150 mil postos de trabalho. O objectivo de António Costa é mais ambicioso, num cenário mais agravado, e o actual secretário-geral socialista estima, caso ganhe as eleições, chegar a 2019 com mais 207 mil postos de trabalhos do que a Comissão Europeia prevê para esse mesmo ano. Se fizermos as contas face ao que a CE prevê para este ano (o ano de partida do próximo governo), o salto de emprego que Costa prevê é na realidade de mais 300 mil empregos em 2019.

Os números constam no estudo sobre o impacto financeiro do programa eleitoral do PS, onde o coordenador Mário Centeno (que já tinha estado ao comando dos trabalhos quando foi a elaboração do cenário macroeconómico em Abril), teve por base as previsões da Comissão Europeia para os próximos quatro anos que para 2015 prevê menos 299 mil empregados que o PS estima conseguir ter em 2019.

Para 2019, Mário Centeno explicou que a previsão é que “o nível seja superior em 207 mil” face ao cenário inicial. No próximo anos, caso vença as legislativas, António Costa estima ter já mais 29 mil pessoas empregadas do que o previsto pela Comissão Europeia para esse mesmo ano. Um valor que sobe sempre, face às previsões que serviram de base a esta simulação apresentada esta quarta-feira pelo PS, nos anos seguintes. Na conferência de imprensa em que apresentou o estudo, Centeno frisou a “extrema necessidade de inverter a queda da população activa” e atirou à coligação, na guerra dos números do desemprego, dizendo que “todas as quedas do desemprego estão associadas a crescimento do emprego e não a reduções da população activa”.

As contas do PS já tinham sido feita há quatro meses, mas só para as medidas previstas no cenário macroeconómico que 12 economistas prepararam para o partido assentar sobre ele o programa eleitoral. Assim, agora foram revistas incluindo o das as medidas que os socialistas inscreveram no programa. Conclusão: a previsão sai agravada relativamente à inicial. Em 2017, por exemplo, as contas públicas sofrem o maior impacto, com o défice público a disparar em 0,6 pontos percentuais face ao previsto pela Comissão Europeia, o dobro do que o cenário inicial apresentado em Abril previa. O défice fica na mesma dentro das regras europeias, mas mais perto do limite, nos 2,7% do PIB. A explicação feita pelo economista Mário Centeno e que agora esta estimativa inclui a totalidade das medidas. “O que mudou foi que o há quatro meses apenas se tinham tido em conta as medidas do cenário”, disse o economista que garantiu que “as medidas incluídas no programa eleitoral foram calendarizadas para que a execução não pusesse em causa as metas” acordadas com Bruxelas. O PS acredita ainda ter margem, já que o cenário base é o da Comissão Europeia e não aquele que o governo enviou para Bruxelas no Programa de Estabilidade e Crescimento. Ou seja, em vez dos 2,7% previstos pelo governo para este ano, o PS parte dos 3,2% previstos pela CE.

No capítulo das medidas com que o PS pretende “promover o aumento do rendimento disponível das famílias”, o impacto máximo previsto nas contas públicas é de 1750 milhões de euros em 2019. Isto inclui o peso da redução da sobretaxa de IRS, da TSU dos trabalhadores, a criação do complemento salarial para os mais pobres, a renovação dos mínimos sociais e a condição de recursos para as prestações sociais não contributivas. Na apresentação também esteve o líder do PS que reafirmou o apoio à classe média com estas medidas. Costa acrescentou ainda que o programa do PS “não é uma soma de promessas nem um saco de palavras. É um compromisso escrito para a próxima legislatura” e que a as contas feitas do partido contribuem para “a confiança” que diz ser “fundamental para que o país possa vencer a descrença que vive”.