Intitulam-se “Vianenses pela Liberdade” e são um movimento pró-tourada que luta pelo regresso da tauromaquia ao concelho de Viana do Castelo. Após terem requerido a instalação de uma praça amovível no centro da cidade, para uma corrida que se iria realizar no domingo, viram o pedido ser indeferido pelo município.
A autarquia esclareceu que esta sentença se prende com "a consciência de que é a melhor solução de forma a salvaguardar o interesse público, proteger o coberto vegetal e solo arável do terreno que, com a ocupação pretendida, ficaria irremediavelmente afectado". Além dos motivos ecológicos apresentados, a câmara alegra também que o terreno visado se encontra “em perímetro de emparcelamento da Areosa, Carreço e Afife”.
O movimento reagiu e enviou esta segunda-feira uma providência cautelar para o Tribunal Administrativo e Fiscal de Braga, com o objectivo de contestar a decisão.
O tribunal deverá pronunciar-se dentro de 48 horas relativamente a esta moção, mas de acordo com declarações proferidas por José Carlos Durães, responsável pelo movimento “Vianenses em Liberdade”, à Lusa, “os trabalhos de montagem da praça amovível começaram hoje”, pelas 7h, em terrenos privados da freguesia da Areosa. Na quinta-feira a estrutura deverá ser palco de “um espectáculo cómico taurino e de recortadores, totalmente vocacionado para os mais novos", explicou o representante do movimento cívico.
O evento está inserido na I Semana Taurina, promovida pelos membros do movimento, que contará com uma tertúlia, uma feira do livro taurino, uma largada popular, exposições de fotografia e de cartazes taurinos antigos e uma mostra gastronómica com pratos confeccionados com carne de toiro bravo. Longe de gerar consenso, o acontecimento contará também com a presença de uma manifestação anti-tourada, organizada por uma associação local.
Desde 2009, que a capital do Alto Minho se tornou a primeira (e até agora única) cidade portuguesa a proibir espectáculos taurinos. A proposta do então presidente da câmara de Viana, Defensor Moura, foi aprovada pela maioria socialista em assembleia municipal, a 27 de Fevereiro desse ano, apesar das críticas da oposição que defendia que não estava entre as competências do executivo tomar esta medida.
A capital do Alto Minho foi pioneira nesta deliberação, existindo apenas outras doze cidades no mundo que se declararam anti-touradas. São elas: Medellín, Zapatoca e Bello (Colômbia); Coslada, Basauli, Castrillón, Costitx (Espanha); Mouans-Sartoux, Montignac, Bully Les Mines (França); Carrizal e Caracas (Venezuela).
A Câmara Municipal de Viana do Castelo adquiriu, também em 2009, a praça de touros Ricardo Chibanga, com a intenção de a demolir parcialmente e construir um museu de ciência viva. Em Setembro do ano passado, o movimento “Vianenses pela Liberdade” propôs em assembleia municipal a aquisição do espaço, para ali serem retomadas as hostes taurinas, mas em Dezembro, o novo autarca José Maria Costa anunciou que a praça daria lugar a um pavilhão desportivo.