Espanha tem 186 reclusos na mira para evitar recrutamento terrorista

Espanha tem 186 reclusos na mira para evitar recrutamento terrorista


As autoridades espanholas iniciaram um programa especial de vigilância de 186 reclusos devido ao risco de captação por redes ‘jihadistas’, já que as prisões – a seguir às redes sociais – são a segunda fonte de terroristas islâmicos.


Nas prisões espanholas encontram-se mais de 500 pessoas presas em operações contra o terrorismo ‘jihadista’ (dos quais 47 apenas em 2015). De acordo com a edição desta terça-feira do jornal El Mundo, os principais objectivos do programa visam "evitar processos de captação, recrutamento e radicalização de reclusos muçulmanos nas prisões".

Mas também existe o objectivo de seguir estes reclusos – melhorar o conhecimento sobre as suas personalidades – para evitar que, uma vez em liberdade, voltem a dar apoio ou a participar em acções terroristas.

Fontes do sistema prisional citadas pelo El Mundo explicaram que os reclusos aos quais se faz um seguimento especial estão divididos em três grupos.

No primeiro, o Grupo A, estão os reclusos condenados por ligações ao terrorismo islamista. Ou seja, os que já fazem parte das redes terroristas e que, por essa razão, podem funcionar como recrutadores de outros reclusos.

No Grupo B estão reclusos condenados ou acusados de outros delitos, mas cuja atitude ou conduta têm semelhanças com o integrismo radical.

O último grupo, o Grupo C, consiste maioritariamente em reclusos muçulmanos (ainda que não exclusivamente) que, pela sua personalidade, possam ser alvo de recrutamento ou radicalização.

Segundo dados oficiais, o Grupo A é composto actualmente por 74 reclusos; no Grupo B estão 104 presos e no C estão oito. Um total de 186 reclusos em todas as prisões espanholas com supervisão especial.

As mesmas fontes explicaram ao jornal que "semanalmente, um grupo de especialistas das penitenciárias" acostumados ao seguimento de reclusos "de alta sensibilidade", recolhe e analisa todas a informação relevante acumulada sobre estes reclusos. A informação é depois comparada com os últimos dados e análises dos especialistas em terrorismo dos outros corpos de segurança: a Polícia, a Guardia Civil e os serviços secretos.

Os especialistas levam em consideração a organização a que pertenciam os radicais entretanto detidos: Al Qaeda ou ao Estado islâmico, uma vez que estes grupos têm estratégias diferentes em contexto prisional.

Em Junho, o DAESH (acrónimo em árabe para o autodenominado Estado Islâmico) apelou em vídeo para que "os irmãos muçulmanos" libertem "do cativeiro" os reclusos muçulmanos nas prisões árabes, acusando o Estado espanhol de os manter em "isolamento, sem poder ver amigos e entes queridos".

A referência ao isolamento tem a ver com o Programa de Intervenção de Reclusos Islamitas, que – por seu lado – controla cerca de dois mil reclusos (procedentes na sua maioria de países muçulmanos), impedindo que recebam visitas de imãs conhecidos por divulgarem mensagens fanáticas ou outros líderes islamistas.

Lusa