Athletic. De Maradona a Messi

Athletic. De Maradona a Messi


Empate em Barcelona (1-1) garante Supertaça, o primeiro título desde aquela final tumultuosa da Taça do Rei-84.


Oito títulos de campeão espanhol, o último em 1984. Mais 23 Taças do Rei, a última em 1984. E ainda uma Supertaça espanhola, também em 1984. Que ano esse, em que a palavra última e única se conjugam como nunca. É o Athletic Bilbao no seu melhor. O treinador é Javier Clemente e o onze tem artistas como Zubizarreta; Urkiaga, Licenrazu, Goikoetxea, de la Fuente; De Andrés, Sola, Urtubi, Dani; Noriega, Argote.

Nessa época 83-84, o Athletic é campeão na última jornada em que há três candidatos ao trono: Athletic (47 pontos), Real Madrid (47) e Barcelona (46). Em San Mamés, catedral do futebol espanhol, basco e do Athletic, o adversário é o eterno rival Real Sociedad. Aos 18 minutos, o central Licenrazu faz o 1-0 e provoca a explosão de alegria dos bilbaínos. Tudo melhora com o 1-0 do Espanyol sobre o Real Madrid, por Orejuella. Aos 68', Uralde empata para a Real Sociedad e aí quem vibra é o outsider Barcelona. Só dura dois minutos a bazófia dos catalãe,s por conta de um penálti de Butragueño: um-um no Sarriá e o título voa para Madrid. Aos 80 minutos, o 2-1 do Athletic, novamente de cabeça, outra vez por Licenrazu. Como se isso fosse pouco, o golo do título é o 3000.º dos bilbaínos na Liga espanhola. E nem o 2-1 de Butragueño (outro penálti) vira o que quer que seja, o Athletic é campeão por um golo (+23 vs. +22).

A Liga já lá mora, falta só a Taça do Rei. A final é no Mestalla, em Valencia. De um lado, Athetic. Do outro, Barcelona. O argentino Diego Maradona é fenomenal com os pés e divinal com as mãos. E é um pugilista esforçado de vale-tudo naquela noite de 5 de Maio de 1984, no seu último jogo pelo Barça. O argentino perde a final da Taça do Rei para
o Athletic Bilbao (1-0 por Endika aos 13') e também perde as estribeiras no final do jogo, ao pontapear e esmurrar todos os adversários, fossem eles futebolistas, roupeiros ou massagistas. "Foi a raiva", justificou. Com o visionamento das imagens chocantes pela federação espanhola, Maradona é suspenso de todas as competições nacionais por três meses, a contar desde o início de época, em Setembro. Nessa base, Josep Lluis Núñez, presidente do Barça, decide vender o passe de Maradona ao Nápoles, onde o 10 cresce definitivamente como melhor jogador do mundo pós-Pelé. Também aqui é a raiva (de ser o número um), justificaria El Pibe.

Vem tudo isto a propósito do Athletic-Barcelona da Supertaça espanhola. A final joga-se a duas mãos entre o campeão espanhol e o vencedor da Taça do Rei. Ups, entre o campeão espanhol e o finalista vencido da Taça do rei. Tempos houve em que a Supertaça é logo atribuída à equipa da dobradinha (como em 1984, com o Athletic Bilbao). Agora já não é assim. Felizmente, dizem os bascos. Em Bilbao, à hora do Tondela-Sporting, acaba 4-0 com hat-trick de Aduriz. Três dias é a segunda mão, em Camp Nou. Apela-se à remuntada. Suárez falha o encosto aos 6', Piqué atira ao poste aos 7'. Uyyyyyy. O Athletic equilibra e só soçobra no final da primeira parte, com golo do inevitável Messi (44'). Ainda é possível. Ou talvez não. Piqué protesta até mais não com o assistente e é expulso aos 57'. O Athletic aproveita para o 1-1 final, de Aduriz (quatro golos ao Barça em cinco nesta eliminatória, é grande, enorme).

Acaba assim uma das maiores secas do futebol espanhol, a do Athletic Bilbao. De Maio de 1984 a Agosto de 2015, qualquer coisa como 31 anos-. È muuuuuito tempo mas tudo acaba em bem. Felizmente, dizem os bascos. E o treinador Ernesto Valverde, um homem que ganha nome no futebol como jogador do Barcelona (Taça das Taças-88 e Taça do Rei-90).