Alexis Tsipras decide sobre eleições depois de resgate fechado

Alexis Tsipras decide sobre eleições depois de resgate fechado


PM grego espera pela chegada da lista de medidas e da primeira tranche para decidir.


Dois ministros do governo grego vieram ontem a público pressionar Alexis Tsipras para avançar com eleições ou uma moção de confiança, que, a ocorrer, levará ao mesmo desfecho: eleições antecipadas na Grécia. Na sexta-feira, aquando da votação do resgate pelo parlamento, o líder do governo contou apenas com 118 votos favoráveis, abaixo do mínimo (120) para sobreviver a um voto de confiança. 

A certeza sobre o desfecho de uma moção de confiança em conjunto com a data da a primeira avaliação do resgate – meados de Outubro – poderá levar Tsipras a abdicar da moção, avançando directamente para eleições, admitindo-se até que as mesmas ocorram a 20 de Setembro. Assim, ficariam encaixadas entre o avanço do resgate e a primeira avaliação. Apesar da pressão crescente, Tsipras só deverá tomar decisões depois de resolvido o resgate e o pagamento ao BCE – até porque há muitas medidas que os credores exigem ver aprovadas antes da avaliação, o que pede um parlamento 100% funcional. Independentemente da data, esta será a 12.a vez que os gregos vão às urnas em seis anos. 

Ontem pela manhã, o ministro da Energia grego, Panos Skourletis, considerou que a revolta dos deputados do Syriza contra Tsipras devia obrigar o mesmo a reforçar a sua autoridade no Parlamento. “Parece-me evidente que depois desta ferida grave no grupo parlamentar do Syriza devia avançar nesse sentido [moção de confiança]”, referiu, em declarações à estação grega Skai TV. No total, 32 dos 149 deputados do Syriza votaram contra e 11 abstiveram-se, reduzindo o apoio ao governo. Em caso de eleições antecipadas, Skourletis não tem dúvidas que Tsipras acabará por sair reforçado das mesmas. Ainda à Skai TV, o ministro referiu que o primeiro-ministro irá pedir a maioria aos eleitores, deixando de viver em coligação:“Vendo como as coisas estão… parece um objectivo atingível”, disse.

Também o ministro da Saúde, Panagiotis Kouroumblis, previu ontem eleições antecipadas no Outono: “As eleições não são a melhor opção, mas é preciso estabilidade política para se conseguir uma retoma. Não é possível implementar um programa com medidas dolorosas sem um mandato popular”, disse à Reuters.

Alemanha O novo resgate à Grécia será debatido e votado pelos países da zona euro esta semana, já tendo sido aprovado pelaLituânia. Da aprovação do resgate depende a disponibilização da primeira tranche do empréstimo a Atenas.

AAlemanha vota já amanhã, com o “Bild” a antever que Merkel enfrentará um parlamento mais hostil que nunca. O facto de o FMI se manter firme na posição sobre a Grécia – só participa caso a Europa aceite um alívio significativo à dívida – não agrada aos alemães, que poderão votar contra a indicação de Merkel. O“Bild” anteviu a duplicação da revolta interna de Julho, calculando em 120 os deputados da CDU/CSU que votarão contra o resgate – tendo Merkel 504 dos 631 lugares do Bundestag, a revolta não põe em causa o resgate mas fragiliza a chanceler.