Entre os acusados está Shahjahan Sarker, o director da então farmacêutica BCI Bangladesh, empresa que foi entretanto encerrada, e outros cinco diretores e gerentes da companhia.
“Receberam a punição por terem adulterado um xarope de paracetamol usado por bebés”, afirmou o procurador do Ministério Público, Nadim Miah, em declarações à agência francesa AFP, sobre a deliberação do tribunal de Daca.
Apenas Shahjahan Sarker será enviado para a prisão, uma vez que os restantes réus do processo estão em fuga desde 2009, altura em que foram formalmente acusados de adulterar o medicamento com dietilenoglicol (Diethylene Glycol), frequentemente usado na indústria de artigos de pele.
O solvente tóxico foi usado como uma alternativa ao propilenoglicol (Propylene Glycol), um composto químico seguro e 10 vezes mais caro.
Após a administração do xarope, as crianças começavam a manifestar sintomas de insuficiência renal.
Os primeiros casos de utilização deste produto tóxico foram divulgados na década de 1990. Na altura, a comunidade médica local denunciou a morte de centenas de crianças, forçando a uma maior fiscalização governamental da indústria farmacêutica.
Mas, em 2009, foram registadas novas mortes infantis e o componente tóxico foi novamente detectado num xarope de paracetamol.
Cinco empresas farmacêuticas foram inicialmente implicadas neste escândalo.
Três funcionários de outra farmacêutica, Adflame Pharmaceutical, foram condenados a penas de prisão em 2014. O processo judicial relacionado com os responsáveis da BCI Bangladesh arrastou-se durante vários anos.
Segundo o nefrologista pediatra local, Mohammed Hanif, a adulteração de medicamentos infantis com este componente tóxico poderá ter começado na década de 1980.
Em declarações à AFP, o nefrologista afirmou que os hospitais no Bangladesh começaram a receber casos de crianças com insuficiência renal em finais de 1982. Mas, de acordo com o especialista, foram precisos 10 anos para estabelecer a ligação entre as mortes destas crianças e a utilização indevida de dietilenoglicol.
Num artigo publicado no reconhecido British Medical Journal, Mohammed Hanif chegou a denunciar a possibilidade do componente tóxico ter matado vários milhares de crianças no Bangladesh.
Lusa