Indonésia. Avião caiu nas montanhas com 54 pessoas a bordo

Indonésia. Avião caiu nas montanhas com 54 pessoas a bordo


Não há indicações sobre possíveis sobreviventes, sendo este o terceiro grande desastre aéreo em oito meses na Indonésia, um país que conta com 58 companhias aéreas na lista negra da União Europeia.


Quando o desaparecimento de mais um avião começou a encher os noticiários de canais de televisão internacionais, temeu–se que se pudesse estar perante um novo mistério como o do MH370. Mas os destroços do voo doméstico que se despenhou na Indonésia com 54 pessoas a bordo foram encontrados horas depois do desaparecimento. Aldeões fizeram a descoberta numa zona de densa floresta na região montanhosa de Bintang, não muito longe do seu destino, o aeroporto de Oksibil. As fontes oficiais citadas pelo portal atimes.com não precisaram se houve sobreviventes.

O avião da Trigana Air Service estava desaparecido há algumas horas. Tinha levantado voo 33 minutos antes de perder contacto com os controladores aéreos – um pouco antes das 15h locais (7h em Lisboa) – disse um porta-voz da agência de socorro e resgate indonésio na capital, Jacarta. Toha, que como muitos indonésios responde por apenas um nome, adiantou que as operações de busca não puderam ir por diante devido à falta de luz e às dificuldades colocadas pelo terreno.

Iam 49 passageiros a bordo, incluindo duas crianças e três bebés, além de cinco tripulantes. Toha referiu que a aeronave deveria ter aterrado em Oksibil nove minutos após o momento em que sumiu dos radares. O jornal “Jakarta Post” diz que o avião partiu do aeroporto de Sentani, em Jayapura, às 14h22 (hora local), demorando normalmente o trajecto até Oksibil cerca de 45 minutos.

O director de operações da Trigana, Beni Sumaryanto, disse à agência francesa AFP que, no último contacto com a torre de controlo de Oksibil, a tripulação pediu autorização para descer de altitude. A companhia aérea enviou uma segunda aeronave para inspeccionar a rota seguida pelo ATR-42-300, mas esta viu-se obrigada a regressar a Jayapura quando o dia escureceu. O porta-voz do Ministério dos Transportes, Julius Barata, confirmou que as condições meteorológicas no terreno são “muito más”, estando “muito escuro e nublado”.

onde judas perdeu as botas A densidade florestal impossibilita o transporte terrestre na região e, por essa razão, as populações daquela província estão dependentes do serviço das companhias aéreas regionais. A capital do país fica na ilha de Java, a quase 5500 quilómetros de Papua que, com as suas selvas e montanhas escarpadas, é uma das regiões de mais difícil acesso no planeta. Pequenas aeronaves são usadas com frequência para transportar pessoas para a zona e o mau tempo já provocou vários acidentes nos últimos anos.

Fundada em 1991, a Trigana opera serviços domésticos para perto de 40 destinos na Indonésia, assegurando as ligações com pequenos e remotos povoados como Oksibil. “É uma zona montanhosa, muito remota, e as pistas aeroportuárias situam-se muitas vezes nas encostas, por isso não é o tipo de viagem para quem tenha problemas de coração”, explicou ao “Guardian” o analista de aviação Gerry Soejatman. “Não há como evitar alguns acidentes”, acrescentou.

lista negra Juntamente com outras 58 transportadoras aéreas indonésias, a Trigana está na lista negra elaborada pela Comissão Europeia de companhias impedidas de operar no espaço da UE. Desde que começou a operar, a Trigana registou 14 incidentes graves e, excluindo este último, tinha já perdido 10 aviões. Figura na lista das transportadoras proibidas pela UE desde 2007, devido a preocupações com os padrões de segurança ou com as normas regulamentas que são exigidas para operar no país de origem. 

A frota da Trigana compreende dez aviões ATR e quatro Boeing 737, e o avião que ontem se despenhou fez o voo inaugural há 27 anos – o que está em linha com a média de idades de toda a frota: 26,6 anos. O ATR-42-300 é um modelo de fabrico francês, destinado a voos de pequeno curso. Oksibil situa-se cerca de 280 quilómetros a sul de Jayapura e relativamente perto da fronteira da Papua-Nova Guiné.
Com uma população de 250 milhões de pessoas e composto por cerca de 17 mil ilhas, o arquipélago indonésio é um dos mercados com maior crescimento para a aviação asiática, mas o seu histórico em termos de segurança é dos mais preocupantes, tendo sofrido inúmeros desastres espectaculares com aviões comerciais e militares nos últimos anos. Para além do de ontem, só nos últimos oito meses houve duas outras aeronaves que se despenharam, causando a morte de todas as pessoas que iam a bordo.

Em Janeiro, um Airbus A320 da Air-Asia que partiu de Surabaya, a capital da província de Java Oriental, caiu a meio de um voo com destino a Singapura, matando 162 pessoas. O acidente levou o governo a introduzir novos regulamentos com vista a melhorar a segurança. E no mês passado, o presidente indonésio prometeu tratar do problema da frota envelhecida da força aérea depois de um avião militar de transporte C-13 ter caído momentos após a descolagem, no norte da cidade de Medan, na ilha de Sumatra, matando as 122 pessoas que levava a bordo e, pelo menos, mais 21 ao abater-se sobre um bairro residencial.