Perfil. Salvador de Mello

Perfil. Salvador de Mello


A hora do bisneto do “maior génio industrial”.


Bisneto de Alfredo da Silva, “o maior génio industrial que o Portugal contemporâneo viria a conhecer”, sintetiza o site do grupo, Salvador de Mello licenciou-se em Ciências Económicas em Neuchâtel, Suíça, e quer manter a postura que tem marcado a vida do grupo familiar desde os primeiros tempo.

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“Reconheço que somos todos bastante discretos, não fazemos questão de andar nas bocas do mundo. Aquilo que nos anima, aquilo que nos foi transmitido, é que é no ser e no fazer que uma pessoa se deve distinguir e é na obra que uma pessoa deixa a sua marca.”

Salvador, 49 anos, lidera uma herança com quase 150 anos:“Recebemos um testemunho, um legado, e a nossa missão é transportá-lo para a próxima geração. Nós somos um elo de uma cadeia que atravessa gerações.” E os laços familiares são mais do que muitos. Salvador de Mello nasceu no seio de uma família numerosa, com 11 irmãos. Pai de quatro filhos, tenta transmitir-lhes os mesmos valores que recebeu do pai, que os terá recebido pela mesma via e assim sucessivamente. “Que lição aprendeu e faz questão de passar aos seus filhos?”, questionam os seus colaboradores numa edição da revista da José deMello Saúde. “Um ensinamento dos meus pais:‘Hierarquia, a da inteligência; nobreza, a do carácter.’”

As ramificações empresariais dogrupo Mello asseguram anualmente à família um lugar de destaque nas listas dos mais ricos do país. ABrisa, CUF e José de Mello Saúde são as principais participadas do grupo cujo início remonta ao séc. XIX, quando Alfredo da Silva salvou o Banco Lusitano das mãos dos credores e o relançou em força, absorvendo as Companhias Aliança Fabril e União Fabril (CUF), devedoras do mesmo banco. Num país então muito deficitário em infra--estruturas, coube aAlfredo da Silva ver uma oportunidade nesse défice.

“O que o país não tem, aCUFcria” foi durante anos o lema do grupo, que foi avançando pela reparação e construção de barcos no Barreiro. ACUFapostou também em deixar um forte cunho humanista na sua operação nas primeiras décadas do séc. XX, com Alfredo daSilva a apostar numa rede de serviços de apoio e assistência aos seus operários.

Em Abril de 1974, já este grupo acumulava mais de 100 empresas, com 110 mil trabalhadores e um nível de negócios avaliado em 5%do PIBportuguês de então. O processo revolucionário levou à nacionalização de várias empresas do grupo, com o mesmo a acabar por congelar a actividade até ao avanço das privatizações de Cavaco Silva. Nesta altura, coube ao neto de Alfredo da Silva, José Manuel deMello, reconstruir de novo o império familiar, mas respeitando os antigos ensinamentos:apostar numa presença forte e equilibrada no sector industrial e no financeiro.Agora, chegou a vez de o bisneto liderar osMello numa época de total incerteza financeira.