Eva Carneiro escolheu o que queria fazer da vida com apenas 16 anos, quando assistia em casa aos jogos da Liga dos Campeões. Queria ser como aqueles médicos que corriam do banco para o meio do relvado, para acudir os jogadores em dificuldades.
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Mais tarde, em 1998, a relação de Eva Carneiro com o futebol teve uma nova faísca, numa viagem ao México. Era época de Mundial, e a médica estava numa cidade repleta de turistas brasileiros, que se juntaram em grande festa para ver a sua selecção jogar. Perante tanta animação, Eva ficou ainda mais convencida.
Teve de esperar mais de uma década até ter esse privilégio, que lhe foi retirado esta semana por José Mourinho, após Eva ter seguido o fisioterapeuta Jon Fearn para dentro de campo, o que obrigou o Chelsea a jogar momentaneamente com nove elementos.
Mourinho ficou furioso, proferiu demasiados impropérios, para Eva, Jon ou mesmo dirigidos aos dois, por acreditar que o departamento médico também deve saber analisar o jogo. Mas, segundo uma declaração emitida pelo Grupo de Médicos da Premier League, Jon e Eva não tinham muitas opções.
Para piorar a situação, Eva recorreu ao Facebook para agradecer as muitas mensagens de apoio, o que acabou por condenar a sua posição no banco de suplentes, com Mourinho a confirmar, em conferência de imprensa, que por agora Jon e Eva seriam afastados dos jogos.
Mas quem é esta médica que, nos últimos anos, deu cor a uma profissão que até aqui pouco interessava aos amantes do futebol?
Nascida em Gibraltar, filha de pai espanhol e mãe inglesa, Eva Carneiro não perdeu tempo em busca do sonho. Estudou medicina em Nottingham e rapidamente direccionou a sua carreira para o desporto, tendo passado dois anos num instituto médico desportivo em Melboune, na Austrália, antes de seguir para Londres, onde tirou o mestrado e trabalhou para o West Ham, enquanto completava a tese.
Seguiu-se o Instituto Médico Olímpico, onde trabalhou de perto com os atletas britânicos que iriam competir nos Jogos Olímpicos de 2008, e ainda com a selecção feminina de futebol inglesa.
Em 2009, Eva deu um grande passo rumo ao seu sonho, quando conseguiu um lugar na estrutura médica do Chelsea. Os treinadores foram mudando, mas Eva manteve o seu lugar, até que, em 2011, André Villas-Boas a convidou para trabalhar com a equipa principal.
Mas só no início da temporada passada é que Eva Carneiro começou a ter mais destaque, especialmente devidos aos cânticos sexistas de algumas claques rivais, o que levou a Associação Inglesa de Futebol a prometer lutar contra estas situações. Também a ministra britânica do Desporto, Helen Grant, veio a publicou exigir que se actuasse mais contra a discriminação. Agora, quando tudo parecia mais calmo, a bomba explodiu, no lado mais fraco, o de Eva.