O nome. Essencialmente, o nome. Depois de tantos anos nogrande ecrã, ainda não se tem bem a certeza de como pronunciar Charlize Theron– há quem diga que o “r” do apelido é carregado, há quem diga que a acentuaçãoacontece na letra “e” e não no “o”. Linguística à parte, o difícil, ainda no nome, é conseguir dizê-lo por inteiro sem ser traído por um sorriso enorme que trava a língua enquanto indica o fascínio pela beleza natural da sul-africana – nós incluídos. Nascida há 40 anos em Benoni, uma cidade na áreametropolitana de Joanesburgo, Charlize colecciona um generoso número de filmesdesde que se iniciou na indústria, em 1995 – uns bons, outros menos. “Lugares Escuros” é o próximo da lista a avaliar.
O filme que hoje chega às salas, em que a actriz também assume papel de produtora, aborda a história de Libby Day, uma rapariga quemorava em Kansas e viu a sua família ser brutalmente assassinada. O irmão (interpretado por Corey Stoll) foi acusado na altura e Libby pretende apurar osfactos e entender melhor o que aconteceu na tal noite.
Charlize dentro do carro. De certeza que vai fazer boa viagem
O filme é assinada pelorealizador Gilles Paquet-Brenner e é uma adaptação do romance de Gillian Flynn,autora de “Em Parte Incerta”. Também Theron andou meio perdida na juventude. Era bailarina quando aos 16 anos ganhou, numa pequena competição em Salerno, sul de Itália, um contrato de um ano como manequim.
A partir desse momento viajou com a mãe para Milão e esteve todo o ano a trabalhar como modelo no continente europeu. Aí, já não havia bilhete de volta. Nova Iorque foi o destino que se seguiu, onde foi estudar para a Joffrey Ballet School.
Como a tantos outros, o azar bateu-lhe à porta e o joelho fê-la entender que a tão desejada carreira no ballet teria de ser abandonada. Entrou numa depressão profunda, ao ponto de a mãe ter viajado da África do Sul para a fazer entrarnos eixos. Foi aos 19 que se mudou para Los Angeles, apoiada financeiramente pela mãe, para se dedicar ao cinema.
O azar do joelho deu lugar à sorte de alguém que não parece ter problemas em fazer peixeiradas – pelo menos, na difícil altura que vivia. Estava num banco, na fila para levantar um cheque enviado pela mãe, quando John Crosby, agente em Hollywood, a viu discutir a valer com o funcionário por este não querer aceitar o cheque.
Uma mão lava a outra e aí estava ela a ser apresentada a tudo quanto era gente na área. Começou com um papel sem direito a crédito em “A Revolta dos Filhos da Terra” (1995). Dois anos depois, com “O Advogado do Diabo”, interpretando Mary Ann Lomax e ao lado de Keanu Reeves e Al Pacino, Charlize Theron saiu do anonimato.
A partir daí – tirando um hiato, algures entre 2009 e 2011 –, a sul-africana assinou filmes e mais filmes, bem mais de um por ano. Um deles foi “Monstro” (2003), onde interpretou Aileen Wuornos, uma mulher que deixa a prostituição para se tornar assassina. O papel valeria mesmo o único Óscar que detém desde então, como Melhor Actriz.
Mais recentemente fez “Prometheus” (2012) e “Mad Max: Estrada da Fúria” (2015), dois sucessos de bilheteira em registos totalmente opostos. Maisuma prova de que Charlize Theron vai a todas independentemente da personagem. E ainda só vai nos 40. Já é altura de conseguirmos dizer o seu nome.