As forças curdas que combatem o Estado Islâmico no norte do Iraque foram "há dias" alvo de um ataque com armas químicas, anunciou esta quinta-feira o Ministério da Defesa da Alemanha, que treina os ‘peshmergas’ na luta contra os ‘jihadistas’.
“Houve um ataque com armas químicas” a sudoeste de Erbil (norte do Iraque), afirmou um porta-voz do Ministério, acrescentando que vários combatentes curdos sofreram problemas respiratórios.
“Especialistas norte-americanos e iraquianos estão a caminho para descobrir o que se passou”, prosseguiu o porta-voz, que não disse quem são os suspeitos da autoria do ataque.
Cerca de 90 militares alemães estão no norte do Iraque para equipar e treinar os ‘peshmerga’ (combatentes curdos) em apoio à luta contra os ‘jihadistas’ do grupo extremista Estado Islâmico.
Segundo o porta-voz, nenhum militar alemão foi afectado pelo ataque. “A protecção dos nossos soldados no norte do Iraque já estava ao nível mais alto”, disse.
A informação oficial alemã foi dada depois de o incidente ter sido noticiado pelo jornal Bild, que citou um relatório militar confidencial. Segundo o jornal, o ataque ocorreu em Mashmur, a cerca de 60 quilómetros de Erbil, e o composto químico utilizado pode ser gás de cloro, um gás amarelo ou esverdeado, de odor desagradável e muito tóxico por inalação.
O ataque, segundo o Bild, afectou cerca de 60 ‘peshmergas’. O Estado Islâmico foi anteriormente acusado de usar gás de cloro contra forças curdas no Iraque. Em Março, o governo autónomo curdo da região disse ter provas de que o grupo usou gás de cloro num ataque com um carro armadilhado a 23 de Janeiro.
Em Julho, dois grupos de especialistas, o Conflict Armament Research e o Sahan Research, afirmaram que os ‘jihadistas’ atacaram os curdos com um projéctil transportando um agente químico desconhecido a 21 ou 22 de Junho.
O agente tinha características e efeitos clínicos compatíveis com o cloro, segundo os dois ‘thinktanks’.
As duas organizações disseram também ter documentado dois ataques semelhantes contra combatentes curdos no norte da Síria, na província de Hasakeh, a 28 de Junho. Nesse ataque, não se registaram mortes, mas combatentes expostos ao agente sentiram ardor na garganta, olhos e nariz, vómitos, fortes dores de cabeça, dores musculares e dificuldades de concentração e de mobilidade.
O cloro, utilizado na I Guerra Mundial, é um gás asfixiante cuja utilização em conflitos armados é proibida pela Convenção sobre Armas Químicas de 1997.
Lusa