Grécia. Parlamento vota quinta-feira e governo afasta eleições

Grécia. Parlamento vota quinta-feira e governo afasta eleições


Imposição do controlo de capitais no país matou mais de 16 mil empregos só em Julho. Alemanha e Finlândia continuam de pé atrás face ao acordo entre Atenas e credores.


O acordo entre as autoridades de Atenas e os representantes dos credores do país irá a votos no parlamento grego na próxima quinta-feira. O desenho final do acordo será entregue aos serviços parlamentares ainda esta terça-feira, devendo ser debatida no dia seguinte pelos comités parlamentares, avançando para votação na quinta-feira.

A votação estará um acordo dividido em duas partes, a primeira relativa ao empréstimo de 86 mil milhões de euros a três anos em que consiste o novo resgate. A segunda parte do acordo diz já respeito às "acções prévias" exigidas pelos credores antes de avançar com a primeira tranche do novo resgate – que deveria chegar a Atenas até dia 20, a tempo do país saldar 3,2 mil milhões de euros ao BCE, que vencem esse dia.

As "acções prévias" surgem referidas no documento do acordo, contando-se entre as mesmas o avanço da liberalização do mercado do gás natural, o estabelecimento do fundo para extrair 50 mil milhões de euros dos activos até agora detidos pelos gregos, o fim dos benefícios fiscais para os agricultores com acesso a combustível agrícola ou o aumento da sobretaxa de solidariedade de 4% para 6% – paga por todos os que ganham mais de 50 mil euros anuais.

Confiança e eleições Apesar de tanto Alemanha como Finlândia continuarem de pé atrás em relação a um avanço rápido das negociações, Alexis Tsipras, primeiro-ministro grego, permanece confiante. O governo grego já veio, aliás, enfatizar que este resgate implica um menor nível de austeridade face ao que chegou a ser previsto.

"Este acordo reduziu em 11 pontos do PIB as obrigações da Grécia face aos excedentes primários exigidos nos próximos três anos", avançou fonte oficial do governo, citado pelo "Ekathimerini". Os cálculos apresentados pela mesma fonte apontam que tal redução implica menos 20 mil milhões em austeridade no período. Já as medidas exigidas, assegura, "são as mesmas mas com melhorias face às que foram previstas no acordo obtido pela Nova Democracia-PASOK e que não avançaram", refere.

Na última segunda-feira, o Syriza veio refrear os ânimos sobre eventuais eleições antecipadas na Grécia – uma parte significativa do governo está contra um novo resgate. Olgar Gerovasili, porta-voz do governo grego, negou que o executivo estivesse a ponderar eleições.

"As conversas sobre eleições, que dispararam nos últimos dias, não são úteis nem reflectem a realidade. A prioridade do planeamento do governo, neste momento, é fechar o acordo com as instituições e depois implementá-lo", comentou. "Estabilizar a economia e restaurar o sentimento de calma e normalidade na sociedade, para promover as reformas necessárias", são outras prioridades elencadas.

Emprego Segundo o ERGANI, instituto grego financiado pela União Europeia, a Grécia perdeu 16,6 mil empregos em Julho, mês da imposição do controlo de capitais no país. Este instituto de promoção da igualdade no acesso ao emprego, culpa precisamente o controlo de capitais pela perda de postos de trabalho.

Em Julho de 2014, por exemplo, houve um crescimento de 13,2 mil empregos na Grécia, já que o mês marca o pico da criação de empregos sazonais.

Os dados do instituto mostram que a economia grega destruiu 160,6 mil empregos em Julho, tendo criado apenas 143,7 mil novos postos de trabalho.