Está a pensar em investir no mercado bolsista e prefere acções nacionais? Tenha em conta que o índice PSI-20 tem estado em baixo nos últimos anos – e a registar menos de metade do valor que tinha em 2008, antes da crise económica –, mas há investidores nacionais que, pela proximidade geográfica ou por outros factores psicológicos, preferem investir em acções lusas.
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Se é esse o seu caso, então opte por investir através de fundos de investimento – produtos financeiros que consistem numa carteira diversificada de acções, obrigações, depósitos ou similares, detidos por inúmeros investidores e geridos por uma equipa de especialistas. Neste caso, cada investidor é co-proprietário de uma parte do fundo. “Estes produtos permitem a aplicação de montantes reduzidos, e a carteira diversificada dilui os riscos associados – essencial quando não há garantia de qualquer rendimento nem do reembolso do capital investido”, alerta a Associação Portuguesa de Defesa do Consumidor (DECO).
De acordo com a ronda feita pela entidade, o BPI Portugal e o Santander Acções Portugal são os fundos eleitos e que, no entender da mesma, apresentam o melhor desempenho. Mas mesmo nestes casos, a associação aconselha os investidores a aplicarem apenas uma parte das suas poupanças nestes produtos de capital não garantido. “Se tem 10 mil euros disponíveis para investir a longo prazo no mercado accionista, não aplique mais de mil euros num deles”, diz.
Já para os investidores que preferem negociar a compra de acções directamente em bolsa, as escolhas recaem na Corticeira Amorim, EDP, Galp Energia e REN (ver quadros ao lado). “Se quer constituir um portefólio de acções equilibrado e com bom potencial de valorização, então as portuguesas devem estar em clara minoria. Aconselhamos também um investidor que dispõe de 10 mil euros para aplicar que aposte unicamente mil euros numa destas acções.”
A verdade é que a compra directa de acções é mais arriscada por não ser tão diversificada e implicar um acompanhamento permanente, mas é potencialmente mais rentável. Mas também requer recorrer a um banco ou a uma corretora para transmitir as ordens de compra.
A ideia é que, quaisquer que sejam as acções escolhidas, deve estar preparado para manter o investimento pelo menos durante cinco anos. A explicação é simples: só assim consegue enfrentar as oscilações do mercado bolsista e diminuir a possibilidade de perdas.
Cautela O ideal para quem investe neste mercado é diversificar a aposta, aplicando o dinheiro também fora do país, tanto que, de acordo com a associação, “é cada vez mais simples apostar em bolsas estrangeiras”, acrescentando ainda que, ao contrário do que se possa pensar, “a praça nacional não é barata em relação às suas congéneres mundiais”. “Uma descida acentuada da bolsa poderia indicar que algumas das acções portuguesas seriam excelentes oportunidades de compra, por poderem ter mais margem para valorizar. Desengane-se quem assim pensa.”
A DECO lembra ainda que devido ao fraco desempenho da economia nacional, com o Fundo Monetário Internacional (FMI) a estimar um crescimento anual de apenas 1,2% nos próximos tempos, agora é que o índice PSI-20 está “correctamente avaliado”. “É por este motivo que sempre privilegiámos o investimento em outras bolsas, nomeadamente a norte--americana, e os resultados obtidos com a nossa carteira de investimento validam esta decisão. Os investidores que preferiram aplicar as suas poupanças apenas em acções nacionais acabaram por obter fracos resultados”, conclui.
Investir parece uma tarefa fácil, mas nem sempre isso acontece. Muitas vezes, o medo e a ambição excessiva são inimigos do investidor bem-sucedido. Aliás, 80% das decisões de investimento baseiam-se em factores emocionais e apenas 20% em factores técnicos, como análises de mercado e gestão de carteiras. Ou seja, pode definir um conjunto de regras de gestão para a sua carteira de investimento, mas nem sempre consegue aplicá-las por questões emocionais. Se isso acontecer, então os resultados no final poderão ser muito diferentes do que pretende.