Belém será candidata à Presidência depois de 4 de Outubro. E já informou Costa

Belém será candidata à Presidência depois de 4 de Outubro. E já informou Costa


Do presidente do Conselho de Ética até ao presidente da Associação de Casinos, Belém reúne apoios variados.


No jogo do xadrez, a rainha é a peça mais poderosa. Antes do xeque ao rei, é preciso derrotar a rainha. No xadrez em que se transformaram as presidenciais (tanto à esquerda como à direita), Maria de Belém fez mover a rainha num lance que pode sair caro ao candidato adversário no campo socialista, António Sampaio da Nóvoa. Não houve ainda xeque ao rei, mas a coisa já anda lá perto.

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Maria de Belém já decidiu efectivamente ser candidata à Presidência da República e comunicou a intenção ao secretário–geral do partido num encontro que aconteceu entre os dois, soube o i. Mas Belém garantiu ao líder do PS que cumpriria escrupulosamente a sua palavra de não anunciar a candidatura antes das eleições legislativas, como sempre em público afirmou. 

A candidata já tem uma página oficial do Facebook “Eu apoio Maria de Belém”, onde está publicada a petição de 100 personalidades da sociedade civil a apelar à sua candidatura. Sob a palavra de ordem “Esta é a hora da cidadania”, os abaixo-assinados apelam à candidatura de Maria de Belém à Presidência da República “numa perspectiva patriótica que está para além dos seus interesses pessoais, sectoriais, políticos ou religiosos”. A ex-presidente do PS no consulado de António José Seguro é, na opinião dos 100 signatários, a pessoa certa para protagonizar “uma candidatura à Presidência da República que represente a nossa sociedade, que arbitre de forma isenta, que una os portugueses e que saiba dar voz aos que não têm voz nesta sociedade crescentemente desigual”. 

Para os apoiantes da candidatura, “Maria de Belém é uma cidadã de exemplar vida cívica, de reconhecida e vasta experiência política nacional e internacional e de constante dedicação ao bem comum”. “Esta é uma hora de mobilização nacional”, apelam os peticionários, afirmando “ser agora o momento para, sem calculismo ou interesse próprio, declarar o nosso apelo à candidatura de Maria de Belém Roseira à Presidência da República.” 

 As personagens da sociedade civil que querem ver a ex-presidente do PS a candidatar-se a Presidente da República são de origem variada: existem médicos aos molhos no apoio à ex--ministra da Saúde de António Guterres, incluindo Miguel Oliveira da Silva, professor catedrático e presidente do Conselho Nacional de Ética, e um dos pais do planeamento familiar em Portugal. 

Estão lá os escritores Nuno Júdice e Amadeo Valente Rodrigues, e várias escritoras, como Rita Ferro, Patrícia Reis, Leonor Xavier, Maria Manuel Viana, Inês Pedrosa; e também aparece a assinar a petição pró-Maria de Belém Simonetta Luz Afonso, grande apoiante de António Costa, que assinou uma ficha de simpatizante do PS nas primárias que opuseram Costa a Seguro para apoiar activamente o actual secretário-geral na disputa interna. Há professores, advogados, juristas, o radialista Fernando Correia, os jornalistas Eduardo Miragaia e Edite Espadinha. Estão lá farmacêuticos, engenheiros, empresários e, entre estes, Jorge Armindo, presidente da Amorim Turismo e da Associação Portuguesa de Casinos. 

Em termos de xadrez, a movimentação de bispos como os reitores do ISCTE, Luís Reto, e da Universidade Nova, António Rendas, no apoio a Maria de Belém contra o reitor honorário da Universidade de Lisboa, Sampaio da Nóvoa, é evidentemente um lance de sucesso no jogo. E Belém já pode dizer que não é apenas a candidata do segurismo.