O PSD destacou esta quinta-feira a "evolução positiva" que o relatório do Fundo Monetário Internacional regista, considerando que os dados sobre o défice e a sobretaxa serão posteriormente corrigidos pela instituição.
"O que o FMI vem alertar é que há uma evolução positiva, mas que continuamos a ter obstáculos e continuamos a ter alguma imprevisibilidade, que temos que manter esta consistência de políticas e que não podemos andar a prometer aquilo que não podemos cumprir", afirmou o vice-presidente do PSD Carlos Carreiras, numa conferência de imprensa realizada na sede do partido, em Lisboa, a propósito do relatório relativo à segunda missão de monitorização pós-programa, que teve lugar de 4 a 12 de Junho.
Insistindo que neste relatório há uma "evolução positiva" na análise que é feita, Carlos Carreiras desvalorizou os alertas deixados sobre a questão do défice e da devolução da sobretaxa.
Segundo o FMI, as receitas de IRC e IRS podem ficar abaixo das metas para este ano e assim comprometer o objectivo do défice, caso não sejam aplicadas novas medidas de contenção de despesa.
Sobre a sobretaxa, a instituição liderada por Christine Lagarde apela ao Governo para ter "cautela" na reversão já prometida das medidas do lado da receita, alertando que pode ser preciso "adiar ou cancelar parcialmente" a eliminação da sobretaxa de IRS.
"Em relação ao défice, o próprio FMI já vem corrigir em baixa a sua previsão, de relatório para relatório, à medida que FMI vai conhecendo melhor o nosso país (…) tem vindo a aproximar-se daquilo que são as projecções que o Governo tem vindo a fazer e que têm vindo a concretizar-se", frisou.
Além disso, acrescentou, "não há nenhuma razão para não acreditar que o défice deve situar-se naquilo que são as projecções do Governo", ou seja, 2,7%.
"Admitimos que, no próximo relatório, se o FMI voltar a baixar as duas décimas que baixou do primeiro para o segundo, já estaremos dentro do limite do défice excessivo", referiu.
Sobre a questão da sobretaxa, Carlos Carreira disse apenas que é também uma análise que será "certamente corrigida dentro de algum tempo", como tem acontecido em outras matérias.
O vice-presidente do PSD notou ainda que seria "interessante do ponto de vista político" que esta mesma análise do FMI fosse feita em relação ao programa que o PS apresentou para as próximas eleições legislativas.
Pois, continuou, "claramente seria chumbado", nomeadamente na questão da sobretaxa, em relação à qual "o PS tem uma promessa muito expansiva que não encaixa de todo no que o FMI prevê".
Relativamente aos alertas do FMI para a necessidade de recuperar o impulso reformista "quando for formado um novo Governo", depois das eleições legislativas de Outubro, Carlos Carreiras disse tratar-se de "um alerta sobre os perigos daqueles que vendem soluções que não existem".
Lusa