A Caixa Económica Montepio Geral – ou seja, o banco – já tem nova administração. José Manuel Félix Morgado é o novo presidente executivo da instituição, sucedendo a Tomás Correia, e leva consigo seis outros vogais.
Há dois nomes, entre os seis, que poderão, no entanto, levantar dúvidas ao Banco de Portugal, que ainda tem de se pronunciar sobre a idoneidade dos novos gestores. Um deles é o de JoãoCunha Neves, que já em 2013 o Montepio tinha proposto para a administração, deixando o nome cair depois de o banco central levantar dúvidas sobre a sua idoneidade. Cunha Neves foi trader da sala de mercado do BES numa altura em que o banco esteve sob suspeita de inside trading com acções da EDP Renováveis. Entretanto o banco central procedeu a um registo provisório do gestor, segundo comunicado do Montepio datado de Novembro do ano passado.
Só que há cerca de duas semanas o BdP enviou para a Procuradoria-Geral da República (PGR) uma participação de operações suspeitas de estar relacionadas com branqueamento de capitais. Operações que teriam passado também pelo Finibanco Angola, onde Cunha Neves é administrador. Ora o Regime Geral das Instituições de Crédito e Sociedades Financeiras (RGICSF) esclarece, no artigo 30.o, que na avaliação da idoneidade de um administrador o BdP tem de ter em conta “indícios de que o membro do órgão de administração ou de fiscalização não agiu de forma transparente ou cooperante nas suas relações com quaisquer autoridades de supervisão ou regulação nacionais ou estrangeiras”.
No mesmo sentido, pode estar em causa o nome de Luís Almeida, também administrador do Finibanco Angola e em cujo currículo falta, por exemplo, uma licenciatura. Segundo o artigo 31.o do RGICSF, é também condição para a aceitação de um administrador que este tenha “as competências e qualificações necessárias ao exercício das suas funções, adquiridas através de habilitação académica ou de formação especializada apropriada”. Se não conseguir provar estas habilitações, o BdP pode vetar também este nome.
Montepio reduz em angola O grupo Montepio vai reduzir de 80% para 51% a sua posição no Finibanco Angola, por um preço “superior a 15 euros por acção”, confirmou ao i fonte oficial do banco. A notícia foi avançada pela TVI ontem ao início da tarde, dando conta de que Tomás Correia teria fechado o negócio este fim-de-semana. Mário Palhares, que lidera o Banco de Negócios Internacional (BNI), e que é um dos novos donos do banco Efisa – é o comprador da posição do Montepio.
A operação é justificada pelo grupo como consequência natural da operação de aumento de capital de 2013, em que o banco aumentou a sua posição para mais de 80% por não ter havido “acompanhamento pelos accionistas minoritários. Na impossibilidade de os minoritários angolanos acompanharem o aumento de capital é acordado que este incremento de posição do Montepio seria mais tarde reduzido para uma participação alinhada com o que o resto da banca portuguesa detém em Angola, ou seja, o máximo de 51%”, referiu a mesma fonte.
A redução de posição permitirá também ao Montepio aliviar a exposição da Caixa Económica a África e consequentemente dos rácios de capital que tem que cumprir.Tomás Correia manter-se-á como presidente do Finibanco Angola, cargo que acumula com a presidência da Associação Mutualista do Montepio.