"A transferência de renda para crianças menores de dois anos teria um impacto muito grande para a redução da desnutrição e também na redução da vulnerabilidade das crianças", disse à imprensa Koen Vanormelingen, falando à margem de um encontro de reflexão sobre as estratégias de redução da desnutrição crónica, promovido por organizações da sociedade civil em Maputo.
Segundo dados oficiais apresentados durante o encontro, a percentagem de crianças que sofrem de desnutrição crónica em Moçambique mantem-se nos 43% desde 2008, um fenómeno que afecta, principalmente, as províncias de Tete e Zambézia, no centro de Moçambique, e Nampula, norte do país.
Para reverter a situação, de acordo com o representante da agência das Nações Unidas para a infância, o Governo moçambicano deve criar mecanismos para aumentar o subsídio básico actualmente canalizado às famílias de baixa renda, orçado em 500 meticais por mês (cerca de 11 euros).
Koen Vanormelingen defendeu ainda a revisão da estratégia de proteção social, para tornar este mecanismo mais eficaz no combate aos altos índices de desnutrição em Moçambique, principalmente nas zonas mais recônditas, onde vive a maior parte da população moçambicana.
Na nova estratégia, ainda em debate, pretende-se a extensão da protecção social para 50 mil crianças até ao próximo ano e alargamento a todos os menores, até 2025.
A desnutrição crónica está a ter impacto não só sobre "o desenvolvimento físico das crianças, como também sobre o seu desenvolvimento intelectual", lamentou Koen Vanormelingen, acrescentado que só na província de Maputo, no sul do país, o mal afecta 27% das crianças.
Lusa