De Junho de 2014 a Junho de 2015, o total da população com emprego em Portugal passou de 4,51 milhões para 4,58 milhões, números que evidenciam o aparecimento de mais 66,2 mil empregos líquidos no período e uma redução da taxa do desemprego para 11,9%, segundo os dados ontem divulgados pelo Instituto Nacional deEstatística sobre o mercado laboral no segundo trimestre do ano.
Deste crescimento no total de pessoas empregadas, o equivalente a um terço veio do aumento registado nos trabalhadores com empregos que pagam menos de 310 euros líquidos mensais, que até Junho último regressaram a valores de 2013, ano do pico da taxa de desemprego. De acordo com os dados do INE, no final do segundo trimestre de 2014 havia 136,5 mil trabalhadores em Portugal a ganhar até 310 euros líquidos mensais, patamar que nos 12 meses seguintes ganhou mais 21,3 mil trabalhadores, aumentando para157,8 mil as pessoas neste patamar, mais 15,6%.
Para encontrar paralelo com este valor é preciso recuar ao pior ano do mercado laboral no país, 2013, quando 160,7 mil trabalhadores auferiam menos de 310 euros líquidos no final do segundo semestre desse ano. Nessa altura, contudo, o crescimento anual de trabalhadores com estes empregos de salário muito baixo foi de apenas 7,9 mil, valor que contrasta com o aparecimento de mais 21,3 mil empregos abaixo dos 310 euros registada agora, nos 12 meses terminados em Junho de 2015.
O número actual de residentes em Portugal a trabalhar por menos de 310 euros líquidos mensais é assim o segundo mais elevado registado num segundo trimestre desde pelo menos 2006, tendo o crescimento do último ano sido o mais acelerado também desde pelo menos 2006 – o salto mais aproximado do actual deu-se em 2012, quando surgiram mais 13,1 mil pessoas a trabalhar a troco de até 310 euros mensais, isto entre Junho de 2011 e o mesmo mês do ano seguinte.
Salários Alargando a análise aos restantes patamares salariais, os dados ontem divulgados pelo INE mostram que nos empregos com salários entre os 310 e os 600 euros se registou um recuo no mesmo período em análise, com menos 2,1%, para 1,05 milhões. Já nos empregos que pagam entre 600 e 900 euros houve um crescimento de 7,6% no último ano. Somados todos os patamares até aos 900 euros de salário líquido, constata-se que desde Junho de 2014 surgiram mais 74,2 mil empregos remunerados até 900 euros líquidos. Já nos patamares seguintes, dos 900 aos 2500 euros, contam-se mais 67 mil empregos no mesmo período.
A divisão por escalão de salário dos empregados em Portugal diz apenas respeito aos trabalhadores por conta de outrem, que totalizam 3,7 milhões dos 4,58 milhões de trabalhadores com que a economia chegou ao final do segundo trimestre.
efeito low-cost? Segundo os dados do INE, foi precisamente no emprego por conta de outrem que surgiram os empregos criados no ano terminado em Junho último:registam-se hoje mais 128 mil trabalhadores por conta de outrem que em Junho do ano passado. Já os trabalhadores por conta própria caíram a pique:dos 895,6 mil registados no final do segundo trimestre de 2014 passou-se para 835,8 mil no mesmo período deste ano – daí que só tenham surgido mais 66 mil pessoas empregadas.
Foi na área dos Serviços que se registou o maior nível de criação de emprego, com um salto de 75,5 mil trabalhadores no sector. Já na “Agricultura, produção animal, caça, floresta e pesca” perderam-se 43,3 mil postos de trabalho desde o segundo trimestre do ano passado.
Em termos regionais, foi a Região Autónoma dosAçores a que registou a queda mais abrupta na taxa de desemprego no segundo trimestre de 2015. Em comparação com os 16% de Junho de 2014, os Açores apresentam agora um desemprego de 11,3%, uma redução de 4,7 pontos – só do primeiro para o segundo trimestre do ano a queda foi de 3,6 pontos. O advento da concorrência nas ligações aéreas para os Açores, em Abril, veio fomentar o turismo na região, sobretudo para a ilha de São Miguel, levando a um crescimento súbito nos fluxos turísticos do arquipélago, e, logo, a um ritmo mais acelerado de criação de emprego face ao do país.