Os quatro maiores bancos a operarem no mercado português – Caixa Geral de Depósitos (CGD), BCP, BPI e Santander Totta – garantiram um lucro de cerca de 2,6 milhões de euros por dia no primeiro semestre do ano. As quatro instituições financeiras obtiveram um lucro total na ordem dos 468 milhões de euros (ver números ao lado) nos primeiros seis meses do ano. Dividindo este valor pelos 181 dias do semestre, chegamos a um valor diário superior a 2,6 milhões de euros. O i não considerou nestas contas o Novo Banco, uma vez que a instituição financeira ainda não apresentou resultados referentes a este período.
A maioria dos bancos conseguiu voltar aos lucros este semestre depois das perdas verificadas no ano passado. Só o Santander Totta contrariou esta tendência ao apresentar um lucro 29,2% em relação aos resultados registados um ano antes. As restantes instituições financeiras estavam no vermelho no primeiro semestre de 2014.
A CGD, por exemplo, nos primeiros seis meses deste ano apresentou um resultado positivo de 47,1 milhões de euros, valor que compara com os 169,3 milhões de euros de prejuízo registados em igual período do ano passado (contabilizando o efeito não recorrente da venda de 80% da Fidelidade, Multicare e Cares no ano passado, o lucro dos primeiros seis meses de 2014 foi de 110,1 milhões de euros)..
De acordo com a instituição financeira, a actividade em Portugal deu um contributo para o resultado da Caixa, mas o negócio internacional continua a ser mais relevante. A actividade do banco em Macau foi o que contribuiu para um melhor resultado: 28,5 milhões de euros, o que compara com o lucro de 19,5 milhões no período homólogo.
Já a dívida pública portuguesa contribuiu para a melhoria dos resultados das operações financeiras, de 166,2 milhões para 302 milhões de euros.
Até Junho, os recursos de clientes (depósitos) avançaram 4,6% em relação ao mesmo período do ano passado para os 69.818 milhões de euros. Em sentido inverso destacou-se o crédito a clientes, com uma quebra de 1,7% para 71.885 milhões de euros.
BCP supera expectativas O banco liderado por Nuno Amado apresentou um lucro de 240,7 milhões de euros nos primeiros seis meses do ano, o que superou os 150 milhões de euros esperados pelos analistas consultados pela Reuters. O BCP conseguiu assim voltar aos lucros, tanto na actividade nacional como na internacional, depois do prejuízo de 60,2 milhões reportados no primeiro semestre de 2014. Os resultados extraordinários também ajudaram à evolução dos resultados do banco, nomeadamente os “ganhos em operações financeiras relacionados com a alienação de títulos de dívida pública portuguesa”. Os resultados de operações financeiras obtidos alcançaram os 508,3 milhões de euros nos primeiros seis meses do ano, que comparam com os 175,2 milhões do período homólogo.
O segundo maior banco privado português registou num aumento dos depósitos de clientes, que subiram 4,4% nos primeiros seis meses do ano, totalizando 50,6 mil milhões de euros. Já o crédito, por sua vez, deslizou 2,8% para 57,1 mil milhões de euros, com o contributo negativo dos empréstimos destinados às empresas e a subida dos créditos a particulares (ainda que registando uma diminuição nos créditos à habitação).
BPI recupera O banco liderado por Fernando Ulrich apresentou um resultado líquido de 76,2 milhões de euros nos primeiros seis meses do ano, abaixo dos 65 milhões esperados pelos analistas. Uma melhoria face aos números verificados no primeiro semestre do ano passado quando o banco registou prejuízos de 106,6 milhões de euros. O lucro foi conseguido tanto na actividade internacional como na área doméstica, onde o banco conseguiu registar um resultado líquido positivo de 6,6 milhões de euros.
Mas não foi apenas os resultados recorrentes que ajudaram as contas. As operações financeiras ajudaram o BPI, tendo havido um ganho de 95,4 milhões de euros. No mesmo período do ano passado, o resultado havia sido negativo, penalizado por perdas na venda de dívida pública portuguesa e italiana. Algo que não pesou no desempenho deste ano. Na conferência de imprensa dos resultados semestrais, Fernando Ulrich sinalizou que a possível fusão com o BCP terá saído de cima da mesa. No entanto, esta posição não foi confirmada ainda oficialmente.
Santander sobe O banco liderado por António Vieira Monteiro manteve-se com resultados positivos, tendo registado um lucro de 103,6 milhões de euros entre Janeiro e Junho de 2015. O presidente do banco afirmou ontem que está com uma “posição confortável de liquidez” e que quer continuar a salientar-se no mercado nacional. “Queremos ser o melhor banco em Portugal. Queremos ser um banco simples, próximo e justo”, disse Vieira Monteiro aos jornalistas durante a apresentação de resultados do Santander Totta.
Na ocasião, o responsável admitiu alguma preocupação com o próximo semestre, sobretudo pela incerteza que pode ser causada pela crise grega. Quando ao sistema financeiro nacional, Vieira Monteiro repetiu o que tem dito nos últimos meses: vai haver consolidação do sector. Há “dificuldades de rentabilidade e capitalização”, notou o banqueiro, fazendo referência às exigentes metas de capital estipuladas por Basileia III – ou Bruxelas. Afirma que “ainda é cedo para perceber como é que vai acontecer”, mas garantiu que o banco está atento ao que acontecer no mercado.
Questionado sobre se o sector se está a tornar mais competitivo nos últimos tempos, foi peremptório: “acho que vamos ter um ano extremamente competitivo”, sobretudo porque “temos bancos estrangeiros com sede noutros países a actuar em Portugal nas pequenas e médias empresas”, algo que até aqui não faziam. O gestor recusou falar do caso Montepio e do facto de o Santander ter abandonado a corrida pela compra do Novo Banco. Com Margarida Vaqueiro Lopes