HSBC. António Simões é o novo homem forte do maior banco europeu

HSBC. António Simões é o novo homem forte do maior banco europeu


Português já era director do HSBC no Reino Unido, mas a partir de Setembro passa a presidente executivo do HSBC Bank e HSBCEurope.


Tem 40 anos, é português, licenciou-se em Lisboa e foi nomeado presidente do maior banco da Europa.António Simões junta-se assim a António Horta-Osório na lista dos portugueses que lideram alguns dos mais poderosos bancos da City londrina.

Simões licenciou-se em Economia na Nova Business School of Economics, tendo sido “o melhor aluno do seu curso”, escreveu a Nova SBE num comunicado enviado ontem às redacções, assim que se soube da nomeação. Depois disso foi professor assistente na Universidade de Columbia, em Nova Iorque, e fez carreira internacional, tendo passado por cidades como Milão, Paris, Hong Kong ou Londres, onde vive até hoje, ao serviço da consultora McKinsey e do gigante Goldman Sachs. Nunca trabalhou em Portugal – país que visita regularmente – e casou em Espanha com um também profissional da área das Finanças. Numa entrevista recente ao “Negócios”, desdramatizava o facto de ser um executivo de topo homossexual: “É mais improvável ter 39 anos e liderar 43 mil pessoas do que ser gay e liderar 43 mil pessoas”, notava.

O banqueiro entrou no grupo HSBC há cerca de oito anos, onde foi responsável pela área de retalho e gestão de fortunas. Assumiu, o ano passado, a presidência do HSBC Reino Unido e era vice-CEO do HSBC Bank. Agora vai passar a ser o todo-poderoso do maior banco da Europa, e um dos maiores do mundo.

Acumula com a presidência do HSBC Bank a liderança do HSBC Europe, e passará a fazer parte do conselho de administração da HSBC Holdings, a gigante que controla o grupo.

O gestor tem ganho protagonismo também pelo facto de ser um dos poucos gestores de topo que assumiu a homossexualidade desde sempre. No ano passado esteve em destaque na imprensa depois de ter sido considerado o gay mais influente na área dos negócios pela rede OUTstanding, numa lista que seria publicada pelo “Financial Times”. Na ocasião deu uma entrevista ao “Público” em que realçava a importância de “ser honesto”, e dizia: “De alguma forma, até é uma das coisas menos interessantes da minha personalidade. É interessante porque não é vulgar que o presidente de um banco seja gay. A única razão por que isto é notícia é não haver muitas pessoas na mesma posição que eu.” Dizia–se mais “activo do que activista” dos direitos LGBT e explicava que sempre pautou a sua vivência profissional por tentar derrubar os muros que limitam a diversidade. 

António Simões trabalha em média 12 horas por dia no HSBC, onde dirige também o programa para a diversidade e inclusão no grupo. Quer aumentar a percentagem de mulheres em cargos de topo e garantir que os funcionários que tiram licenças de maternidade e paternidade regressam ao grupo para ocupara funções exactamente do mesmo nível – o que muitas vezes não acontecia.

Este português que em entrevistas recentes se auto-adjectiva “português gay, baixinho e careca” é também um dos fundadores do Conselho da Diáspora Portuguesa, que tem o alto patrocínio do Presidente da República, e que resumidamente tenta promover a imagem de Portugal no mundo, ao mesmo tempo que pretende estreitar os laços entre os portugueses que se destacam no estrangeiro e o país. O HSBC tem actualmente 16 milhões de clientes no Reino Unido, onde conta com 48 mil funcionários. António Simões vai substituir Alan Keir. 
O i tentou contactar o banqueiro mas até ao fecho da edição não foi possível fazê-lo.