Serra d’Aire. Geocacher desaparecido estava a 50 metros do carro

Serra d’Aire. Geocacher desaparecido estava a 50 metros do carro


José Andrade, professor de Educação Física em Tomar, foi encontrado sem vida, ontem à tarde, por cães da GNR. Não há indícios de crime.


As buscas duraram quase dois dias. José Andrade, o geocacher (praticante da actividade desportiva geocaching) que desapareceu no sábado no Parque Natural da Serra D’Aire e Candeeiros, foi encontrado ontem ao início da tarde. O antigo professor de Educação Física de Tomar, de 62 anos, foi localizado por cães pisteiros da GNR a cerca de 3 quilómetros do IC2, sem vida.

O corpo, segundo o comandante da GNR das Caldas da Rainha, estava a 50 metros do carro que José Andrade tinha usado para se deslocar até aos arredores de Ataíja de Cima, no concelho de Alcobaça. Apesar da proximidade, os militares tiveram dificuldades nas buscas devido à vegetação do local, muito densa e rasteira, e por o terreno ser “bastante acidentado”. As características da zona levam aliás a GNR a acreditar que José Andrade possa ter caído quando regressava ao carro para voltar a casa, em Tomar, não havendo para já indícios de crime. “É um local com muitos declives e muitas pedras soltas”, explica o capitão Hugo Carneiro. Os cães do Grupo de Intervenção Cinotécnico da GNR já tinham estado no local no domingo à tarde, mas só ontem encontraram o geocacher, descoberto “num local de difícil acesso”.

O cadáver foi transportado, ao final da tarde, para o Instituto de Medicina Legal de Leiria, onde deverá ser autopsiado durante o dia de hoje para apurar as circunstâncias da morte. Junto ao corpo, os militares da GNR encontraram o aparelho de GPS que José Andrade usava para procurar as caches – caixas escondidas do geocaching. O software, adianta o capitão Hugo Carneiro, será analisado, sendo possível, à partida, reconstituir o percurso da tarde de sábado. José Andrade também levava um telemóvel, mas estava desligado.

O antigo professor, diz a GNR, era um praticante “regular” da actividade, em que não costumava usar telemóvel. Por estar sem sinal, não foi possível aos 50 homens que participaram nas buscas – entre GNR e bombeiros – chegar à sua localização, uma vez que as operadoras móveis só conseguem fornecer a última triangulação an-tes de o aparelho ser desligado.

O alerta do desaparecimento foi dado pela mulher do geocacher, que ligou para o 112 por volta das 20h de sábado. Na chamada contou que o marido tinha chegado à serra d’Aire pelas 15h, para iniciar um percurso de caches até uma mata entre Rio Maior e Leiria, e que já deveria ter regressado ou telefonado para casa. No sábado ainda se fizeram buscas num raio de cerca de 10 quilómetros em torno do carro, mas tiveram de ser interrompidas quando a noite caiu, tendo sido retomadas no domingo por volta das 8h da manhã. Na operação chegou a ser usado um drone, que apoiou no terreno a meia centena de homens da GNR e do Comando Distrital de Operações de Socorro de Leiria.

O geocaching é uma espécie de caça ao tesouro em que os participantes – existem cerca de 30 mil activos em Portugal – procuram caixas escondidas em monumentos, cidades e lugares isolados com a ajuda de coordenadas GPS. Tradicionalmente não é um desporto perigoso – ainda que existam “caches” escondidas em lugares remotos ou de difícil acesso.