Açores. O resort escondido na paisagem

Açores. O resort escondido na paisagem


Tranquilidade e sustentabilidade são a palavra de ordem no Eco Resort Santa Bárbara, na Ribeira Grande.


O primeiro impacto é logo ao portão. Inevitavelmente ao portão, quase sempre aberto, escondido entre uma vegetação rasteira e cores que não deixam ninguém indiferente. E de repente o espanto: foi possível contornar toda a propriedade sem dar por isso. Mesmo sabendo que ela estava por ali e mesmo indo de olhos bem abertos e sentidos alerta.

Continuamos a ver muito pouco do Santa Bárbara Eco Resort, ali, mesmo na ponta oposta da praia de Santa Bárbara, cuja única entrada era, até há dois meses, na Ribeira Grande.

São suspiros atrás de suspiros e ainda nem olhámos para a decoração ou para a construção. Perdemo-nos a olhar o mar, ali em baixo, a perder de vista como só nas ilhas e a entrar-nos nos olhos, na pele, pelos janelões que correm todo o átrio até ao restaurante. Mar, mar, mar. Azul, azul, azul. O jardim, verde-Açores porque tem mais água e sol que os outros lugares, remata aquele cenário que às vezes parece uma pintura renascentista. Azul, verde, mar, campo, terra, flores. 

Olhamos para cima e para os lados e sorrimos. Tudo ali lembra as adegas, as garagens pejadas de ferramentas de quem passou a vida a trabalhar os campos. Tinas, bilhas, uma roda de carroça, material reciclado que agora dá vida a autênticas obras de arte num cenário pintado em tons de terra – para afastar o calor e para se confundir com a terra que ocupa. “Só assim o projecto faria sentido”, diz ao i João Reis, um dos criadores do projecto, apaixonado pelos Açores, onde vive há 14 anos – o amor levou-o a abandonar o continente. Tinha naquele pedaço de terreno, ali mesmo, por cima da praia de Santa Bárbara, o seu pedacinho de céu. “Sempre quis fazer alguma coisa aqui”, conta. Juntou-se a Rodrigo Herédia e investiram cerca de 2,5 milhões de euros num projecto “que tem espaço para crescer”, explica, enquanto franzimos os olhos ao sol de final da tarde que nos encharca no alpendre do átrio.

Espaço São catorze villas – sete T1 e sete T2 – divididas em três diferentes categorias: Garden, Blue&Green e Retreat. Todas elas são iguais na decoração e na disposição, mas distinguem-se pela vista do quarto: jardim, jardim e mar ou mar. As villas Retreat têm ainda dois apontamentos que as diferenciam: uma tem jacuzzi, a outra um deck de contemplação.

Quando se olha para as pequenas casas da entrada do resort só se sabe uma coisa: são coloridas. As cadeiras dos terraços – a convidar à leitura de um bom livro ou mesmo a uma tarde agradável de trabalho – são de cores diferentes em cada fiada de villas. E até poderiam chocar com a paisagem não fosse parecerem-se com as flores que ocupam toda a ilha de São Miguel.

Cá em baixo, a piscina com vista para o infinito – ou o mar, no caso – é o lugar ideal para relaxar enquanto os mais irrequietos podem contar com o centro de actividades desportivas com escola de surf e possibilidade de aluguer de material para fazer stand up paddle, surf, caiaque ou snorkeling. A pequena quinta biológica, de onde sairão muitos dos produtos a ser usados no restaurante e no bar de praia – vale a pena subir até lá e ver o Sol a pôr-se no mar enquanto se delicia com um prato de lapas cheiinhas de limão ou uns camarões bem temperados –, deverá estar pronta muito em breve. “O hotel só abriu há um mês e meio”, recorda João Reis com um sorriso de orgulho, enquanto olha novamente em seu redor.

{relacionados} Atrás de nós, o restaurante prepara-se para receber os jantares. O Areais tem uma carta que privilegia o pescado, como não podia deixar de ser, embora tenha sugestões de naco de carne com vários molhos e queijos para quem consegue resistir ao peixe fresco dos Açores.

Os vários pratos de arroz e massas com sabores marítimos são também uma boa aposta, sobretudo se acompanhar com um bom e fresco vinho de uma das ilhas. Mas uma das grandes atracções – e surpresas – do Areais é o sushi bar, responsabilidade de dois sushimen que vieram do Brasil para o meio do Atlântico aplicar as melhores técnicas.

“Era um crime não termos sushi estando nos Açores”, diz JoãoReis, lembrando que como a oferta não é muita foi uma aposta certeira. O sashimi é irrepreensível e as várias opções de sushi agradam a praticamente todos os amantes desta cozinha.

Depois do jantar é subir até um dos decks de contemplação do hotel – o que fica acima da piscina é o nosso favorito – e aproveitar o marulhar das águas para entrar no espírito de descanso a que convida o hotel. O retiro perfeito ladeado de natureza. E não se preocupe. “No máximo dos máximos faremos mais dez villas. Não queremos perder esta tranquilidade”, garante João Reis. Nós agradecemos.