Não é da terra, mas casou com uma reguenguense e divide o tempo de consulta entre Lisboa e a cidade alentejana. Há sempre mais preconceito em meios pequenos, diz, mas recebe pessoas de todo o país e estrangeiro. E vai gente de Reguengos ter com ele a Lisboa.
{relacionados}
Apresenta-se como o vidente de Reguengos e é presença assídua na televisão. Herdou o dom da avó – “uma santa em Mirandela” que terá dito a Salazar para estar atento à cadeira – mas só o percebeu aos 20 anos, quando previu a morte de amigos.
Trabalhou em turismo e hotelaria, até sentir o chamamento. “Não é uma escolha”, explica. E nos anos 90 foi fazer formação ao Brasil com Chico Xavier, mestre do espiritismo e cujo retrato tem pendurado na parede do consultório.
Nuno Manuel tem a sua visão sobre a terra: “podia ser a Montalegre do Alentejo, já viu a abertura que eles têm lá que até o padre de Vilar de Perdizes está envolvido?”
Não vem nos guias turísticos, mas o vidente de Reguengos a terra tem uma forte cultura mística. Campinho, ali perto, é conhecida como terra das bruxas. E São Marcos do Campo como a terra dos feiticeiros.
“Os antigos têm quase sempre o livro de São Cipriano em casa”, diz. Tem sido uma das tarefas do vidente: destruir os livros com rituais dos reguenguenses, queimando-nos quintal. “É só maldade. Não é que as pessoas a façam, mas têm aquilo em casa e começam a pensar. Já queimei mais de vinte.” Nuno Manuel sente que se encontrou no Alentejo. Até o nome soa melhor.
“Aqui chamam aos videntes virtuosos.” Solidão e desemprego são as queixas dominantes. Não cobra nada, as pessoas deixam o que querem. “Não podemos fazê-lo.”
No consultório, há uma revista com previsões para 2015. Uma figura pública vai morrer depois de um acidente fatal e vão descobrir uma planeta parecido com a Terra… Resta dizer que não acreditamos em bruxas, mas que las hay las hay.