Atenas enfrenta um novo pagamento ao Banco Central Europeu já a 20 de Agosto, no valor de 3,2 mil milhões de euros. Depois de mal ter visto o anterior empréstimo-ponte, avaliado em 7,16 mil milhões, a Grécia poderá agora ser obrigada a solicitar um segundo financiamento desta natureza, provavelmente no valor de 5 mil milhões.
Dentro de duas semanas e meia, a Grécia terá que saldar 3,2 mil milhões de euros ao BCE, tempo que dificilmente será suficiente para que as negociações tendo em vista um terceiro resgate cheguem ao fim. Isto significa que Atenas continuará sem dinheiro à data de saldar o valor junto da instituição liderada por Mario Draghi.
A revista alemã “Focus” noticiou este fim-de-semana que o governo alemão está cada vez mais pessimista sobre a aprovação do terceiro resgate em tempo útil, já que os calendários e os prazos necessários para o resgate ser aprovado pelo parlamento alemão exige que as negociações estejam terminadas a 10 ou 11 de Agosto. O cumprimento desta data permitiria que as verbas do novo resgate fossem disponibilizadas a tempo de Atenas pagar ao BCE já com este dinheiro.
Mas este é um cenário “incrivelmente optimista”, diz a “Open Europe”, think tank dedicado a assuntos europeus. “Significa acordar um programa de reformas para três anos, o quanto, como e quando é que os fundos vão ser libertados e também se e quando é que avançará a discussão sobre o alívio da dívida grega e se o FMI está ou não envolvido, além de vários outros assuntos bastante complicados”, diz um relatório da “Open Europe”. Daí que o avanço de um novo empréstimo-ponte já esteja em cima da mesa, para evitar que a Grécia entre em incumprimento com o BCE.
Pelos cálculos apresentados, a “Open Europe” calcula que o novo empréstimo-ponte será de “provavelmente cerca de cinco mil milhões de euros”, isto depois dos 7,16 mil milhões recebidos em Julho. Caberá ao Mecanismo Europeu de Estabilidade Financeira avançar novamente com este financiamento, diz a "Open Europe", criticando de seguida o primeiro empréstimo-ponte. Primeiro, “porque irritou vários países que não estão na moeda única” e depois “porque foi inacreditavelmente circular”. E explicam: “A UE emprestou à Grécia que pagou ao BCE e depois os Estados do euro garantiram a fatia deste empréstimo dos países não-euro com os ganhos do BCE com a dívida grega.”
O avanço de um novo empréstimo-ponte à Grécia exigirá ainda novas reformas por parte das autoridades gregas, ou a antecipação de algumas, devendo o valor do financiamento ser descontado da primeira tranche do eventual terceiro resgate.
Novo resgate criticado Este terceiro resgate, porém, poderá servir de muito pouco à economia grega. Segundo Jonathan Loynes, director para a Europa da “Capital Economics”, empresa de análise macroeconómica, os danos acumulados pela economia grega nos últimos anos vaticinam uma vida muito curta para o eventual novo resgate.
“A escala dos danos provocados à economia grega pelo renovar da crise e a imposição do controlo de capitais tiveram um impacto bem pior que o antecipado nos planos provisórios para o terceiro resgate e sugerem que a Grécia ainda está na rota para sair da moeda única em breve”, referiu o responsável, citado pelo "The Guardian".
“As metas que serão impostas à Grécia em termos de excedente do saldo primário para os próximos anos são extremamente exigentes, se não fantasiosas. Isto cria várias dúvidas sobre se o plano – se alguma vez for implementado – irá durar muito tempo. Em síntese, a extrema fraqueza da economia grega continua a apontar que a saída do país da zona euro não está muito distante.”