Angela Merkel vai avançar para a reeleição em 2017

Angela Merkel vai avançar para a reeleição em 2017


Chanceler está no poder desde 2005. Ganhou as últimas eleições em 2013 com maioria relativa.


É a mulher mais poderosa da Europa e também a mais odiada por ter imposto desde 2010 a disciplina nas contas públicas dos países da zona euro. Angela Merkel está no poder desde 2005 e, segundo o semanário “Der Spiegel”, citado pelo “Diário Económico”, quer apresentar-se à reeleição nas eleições legislativas de 2017 para um quarto mandato à frente do governo alemão. De acordo com este jornal, a própria chefe do governo e líder da CDU e o secretário-geral do partido democrata-cristão, Peter Tauber, estão a preparar uma equipa para a nova campanha eleitoral. O mesmo semanário adianta que Merkel já estará a contactar os primeiros voluntários para a sua campanha e que pretende recrutá-los dentro da própria CDU e não recorrendo a assessores externos.

A “Der Spiegel” diz ainda que a chanceler já terá abordado a questão com Horst Seehofer, o líder da União Social Cristã da Baviera (CSU), partido irmão da CDU, que tradicionalmente não apresenta uma candidatura própria ao governo, submetendo-se à do partido principal.

Ainda segundo o mesmo jornal, Merkel – que chegou à chefia do governo alemão em 2005 – tenciona anunciar a sua candidatura no início de 2016.

Merkel não tem a vida facilitada dentro e fora do seu partido. A recente crise grega mostrou até que ponto as divisões no interior da CDU são profundas, com uma larga maioria de deputados a olharem com cada vez mais simpatia para as posições duras do seu também poderoso ministro das Finanças, Wolfgang Schäuble, que pela primeira vez na história da zona euro admitiu a saída de um país da moeda única. A posição tem ganho terreno não só no interior da CDU como da própria sociedade alemã.

O próximo teste a Merkel acontecerá quando o parlamento alemão for chamado a votar o terceiro resgate à Grécia, no valor de 86 mil milhões de euros. Um resgate que está a ser negociado entre o governo grego e a troika de credores e que terá de estar pronto até dia 20, data do pagamento de mais uma dívida de Atenas ao Banco Central Europeu. Mesmo que as negociações cheguem a bom termo, o debate no parlamento alemão deve ser duro, com as clivagens entre Merkel e Schäuble cada vez mais evidentes. Uma ruptura entre os dois políticos teria provavelmente consequências muito negativas para Merkel, já que as sondagens mostram que o  ministro das Finanças tem o apoio de mais de 72% dos alemães.

Mas para além da Grécia outro tema divide a CDU e a sociedade alemã. O fluxo cada vez maior de migrantes em direcção à Europa e a pressão de Bruxelas para impor quotas de refugiados aos países da União Europeia é um tema fracturante na Alemanha, que enfraquece a CDU e dá votos aos partidos xenófobos. Tudo somado, o desafio de Merkel para as eleições de 2017 é enorme e pode mesmo levar a chanceler a enfrentar dentro da CDU adversários com grande peso político. Incluindo Schäuble, que sonhou um dia ser chanceler alemão.