Senso


Sim, existe a legitimidade dos senhorios, mas parece falhar-lhes logo à partida o charme.


A Fábrica Sant’Anna, fundada em 1741 e que labora na Calçada da Boa-Hora, em Lisboa, é a mais antiga fábrica de azulejo artesanal do país. A sua loja na Rua do Alecrim tem 99 anos e faz parte do Inventário Municipal das “Lojas Históricas” de Lisboa, o que naturalmente deveria pressupor atenção e cuidado relativamente ao seu destino.

O azulejo é uma das marcas patrimoniais distintivas de Portugal, e Lisboa tem essa característica luminosa peculiar de uma reconstrução pombalina que revestiu em azulejo tantos dos seus edifícios. Considera-se agora até o azulejo como potencial objecto de uma candidatura à lista dos “bens culturais da Humanidade” (UNESCO). 

Só que nem tudo é como parece ser no “país onde Camões morreu de fome e todos enchem a barriga de Camões” e numa capital algo distraída na espuma dos dias. Porque nos informam que é pouca a vontade de que uma loja de referência, como a Sant’Anna da Rua do Alecrim, possa festejar 100 anos de vida. Em cima dela pende uma ordem de despejo por parte dos proprietários, que querem transformar o edifício em hotel de charme.

Sim, existe a legitimidade dos senhorios, mas parece falhar-lhes logo à partida o charme, como se a reabilitação do imóvel e a sua adaptação a hotel não pudesse passar, e bem, pela valorização de uma loja de referência. E deste modo rude se coloca em causa o labor apurado de um restrito grupo de mestres artesãos que dão cultura à nossa História. Ora, são estes os casos em que a pólis se afirma e não sacode a água do capote. Antes do caule está sempre a raiz, que dá razão a quem decide. E oxalá que sim, por aquilo em que acreditamos. 

Historiador 
Escreve ao sábado 

Senso


Sim, existe a legitimidade dos senhorios, mas parece falhar-lhes logo à partida o charme.


A Fábrica Sant’Anna, fundada em 1741 e que labora na Calçada da Boa-Hora, em Lisboa, é a mais antiga fábrica de azulejo artesanal do país. A sua loja na Rua do Alecrim tem 99 anos e faz parte do Inventário Municipal das “Lojas Históricas” de Lisboa, o que naturalmente deveria pressupor atenção e cuidado relativamente ao seu destino.

O azulejo é uma das marcas patrimoniais distintivas de Portugal, e Lisboa tem essa característica luminosa peculiar de uma reconstrução pombalina que revestiu em azulejo tantos dos seus edifícios. Considera-se agora até o azulejo como potencial objecto de uma candidatura à lista dos “bens culturais da Humanidade” (UNESCO). 

Só que nem tudo é como parece ser no “país onde Camões morreu de fome e todos enchem a barriga de Camões” e numa capital algo distraída na espuma dos dias. Porque nos informam que é pouca a vontade de que uma loja de referência, como a Sant’Anna da Rua do Alecrim, possa festejar 100 anos de vida. Em cima dela pende uma ordem de despejo por parte dos proprietários, que querem transformar o edifício em hotel de charme.

Sim, existe a legitimidade dos senhorios, mas parece falhar-lhes logo à partida o charme, como se a reabilitação do imóvel e a sua adaptação a hotel não pudesse passar, e bem, pela valorização de uma loja de referência. E deste modo rude se coloca em causa o labor apurado de um restrito grupo de mestres artesãos que dão cultura à nossa História. Ora, são estes os casos em que a pólis se afirma e não sacode a água do capote. Antes do caule está sempre a raiz, que dá razão a quem decide. E oxalá que sim, por aquilo em que acreditamos. 

Historiador 
Escreve ao sábado