É um bom momento.
Afinal, Agosto começa já amanhã e Portugal, os portugueses e a política estarão a banhos nos próximos 15 dias.
Passos e Costa não serão excepções.
Mas será precisamente nesta altura que muitos decidirão o voto.
Sem o ruído de fundo das campanhas eleitorais, o cidadão, em paz, fará as suas escolhas e formará as decisões.
O tempo se encarregou de simplificar.
No fundo, há dois caminhos.
O Portugal de frente e o de costas.
Passos Coelho continua prudente no que diz respeito a promessas eleitorais.
O país está melhor? Está, sem dúvida, mas continua a precisar de um acompanhamento permanente.
Quem, como ele, conhece as contas públicas, os novos desafios da Europa e os perigos latentes, sabe o valor da prudência.
Construir uma casa robusta, com telhado, ou uma casa frágil, destelhada.
O Inverno e a chuva fazem tanto parte da vida como o Verão e o sol.
António Costa esquece-os.
Aliás, este é um problema genético dos socialistas.
Não há quem melhor saiba viver ao sol e, se o Inverno se aproxima e ameaça, a solução é hibernar, fazer de conta que o mundo não existe.
A história da democracia em Portugal é uma sucessão de quadros repetidos.
Tudo para todos, dinheiro à farta, prodigalidade incontida.
E, ao mesmo tempo, mealheiro vazio, dívidas crescentes, asfixia financeira.
Cumprida a sina, esgotada a imaginação, o povo encarrega-se de os correr para chamar quem possa recuperar o país.
Tem sido esta a sina do PSD.
Corresponde à matriz da consciência da escassez de recursos, da administração cuidada, da limitação de trabalhar com o que temos por certo e não de pedir esmola.
Quando a festa socialista acaba, incomodados os vizinhos pelo barulho, chamada a polícia, o cenário é sempre o mesmo: uma casa em desalinho, tão festivamente depauperada que precisa de reconstrução.
Nesse dia começa sempre o Inverno do nosso descontentamento.
E os portugueses só aí percebem que, um dia, a casa poderia vir abaixo de vez.
Enquanto o socialismo não perceber que não é assim que se governa um país, não perceber que o tudo a todos nunca é possível, não terá a maturidade suficiente de governar um país como o nosso numa fase tão exigente de um mundo global.
Passos promete pouco, mas a maior promessa que pode fazer é zelar pelos interesses dos portugueses, dizendo-lhes que é possível recuperarem tudo aquilo que lhes foi cortado de um dia para o outro, nos próximos quatro anos.
Explicando-lhes porquê. Explicando–lhes como e dando garantias que o Estado irá honrar, porque tem essa capacidade, cada uma destas concretas promessas.
A escolha será entre o certo e o incerto, entre o caminho sem ravinas ou a aventura, entre a realidade e o sonho.
O resumo será este: de um lado Passos, do outro lado Costa. De um lado quem trabalhou, do outro lado quem quer herdar sem trabalhar.
Por mais voltas que se dê, por mais teoria económica que os catedráticos socialistas escrevam nos seus blogues, a política neste aspecto é muito simples.
Prometer o que podemos sem pedir a ninguém é, de facto, melhor do que prometer tudo o que dependa sempre dos outros.
Deputado do PSD
Escreve à sexta-feira