Ainda odeia dar entrevistas?
[silêncio seguido de risos] Depende de quem faz as perguntas… Odeio dar entrevistas quando elas começam por “o que é que andas a fazer?”. Não gosto muito porque sou muito self conscient e fico sempre a achar que não sou como está ali escrito. Acho sempre que a minha ideia não está bem explicada, que não passa aquilo que eu queria que passasse. E não gosto daqueles títulos do “Celebram o amor e a vida”. É isso que me irrita, é tudo muito cheesy. Também acho que tinha a ver com a idade. Era mais novo e achava que ia mudar o mundo. Entretanto percebi que só posso fazer a minha parte, que é muito pequenina, e que há coisas com as quais temos de aprender a lidar. Em vez de falar como se estivesse no sofá lá de casa, agora penso antes de abrir a boca.
Mas era algo que o tirava do sério?
Irritava-me estar à conversa durante não sei quanto tempo, e percebo que tenham de resumir, mas depois sentia que o raciocínio ficava todo alterado. Não me identificava com o que estava publicado. Tenho feito muita televisão e as revistas gostam muito de explorar, sobretudo, quem faz mais televisão. E quando está tudo bem é bom, mas quando está tudo mal é muito estranho.
É muito estranho estar na fila para pagar as contas do supermercado e estar um senhor a dizer-me “Separaste-te? Coitadinho”. E depois ainda há os mal-entendidos e as coisas que se inventam. A certa altura tinha uma namorada que foi para o Brasil fazer uma novela e fizeram a capa de uma revista com ela e com outro actor a dizer que estavam à espera de bebé. E estavam. Mas era na novela, as personagens deles. As pessoas comentaram com a minha mãe e com o meu pai que eu era um coitado.
Nesses casos a preocupação já não é só consigo, mas também com os que o rodeiam, nomeadamente a família?
Antes fazia-me muita confusão, mas acho que aprendi a dar a volta a isso. Falei com todos e expliquei que sempre que tivessem alguma questão me deviam perguntar. Ainda assim, a minha avó, por exemplo, quando vê uma coisa numa revista acredita e prefere não me incomodar a perguntar se é verdade. Mas eu aprendi a lidar com isto tudo e deixou de me irritar tanto. Porque cheguei a ter alguns episódios…Ainda há uns dois anos aconteceu-me aqui no Chiado, estava com a Vera [Kolodzig, mulher e mãe do filho do actor,Mateus] e vimos um senhor do outro lado da rua a tirar fotos.
Achei que estava a fotografar o prédio, mas a Vera começou a andar e o senhor seguiu-a com a máquina. Fui falar com ele e pedi-lhe para apagar as fotos, que preferia que nos pedisse para fotografar do que que nos fotografasse assim. Ele ficou muito agitado, e acabou por se ir embora e eu fiquei com o casaco dele na mão. Passados dois minutos estavam a ligar-me de uma revista a dizer que eu tinha agredido um fotógrafo. Isto acabou por ser capa dessa revista. Tem de se aprender a lidar com isto tudo.
Passar a fronteira dos 30 trouxe-lhe paz de espírito?
Comecei com 19 anos e é muito difícil começar com 19 anos. É estranho para a cabeça de um miúdo, é tudo muito fora. Lembro-me da altura em que fiz os “Morangos com Açúcar” tivemos uma digressão pelo país com o espectáculo e foi muito fora. Tivemos de sair do Teatro Sá da Bandeira com escolta policial porque à porta estavam quatro mil pessoas à nossa espera. Para um miúdo é muito fácil achar que é a última Coca-cola do deserto. Tenho a sorte de ter tido umas boas bases. E quando começo a levantar os pés do chão, volto à base e respiro fundo. Porque isto é tudo efémero e um dia acaba tudo.
Nunca se sentiu mesmo a tirar os pés do chão?
É uma espécie de bebedeira, sentimo-nos embriagados. Sobretudo com as novelas juvenis, e eu fiz duas, os “Morangos” e a “Floribella”. Em ambas fui fazer um espectáculo ao Coliseu que é uma coisa que acho que nunca mais me vai acontecer na vida. De repente ter o Coliseu cheio durante não sei quantos dias para nos verem! E gritam o nosso nome antes de entrarmos em cena! Se eu fizer um espectáculo no Nacional Dona Maria II ninguém bate palmas e grita o meu nome. Por isso é que acho que é muito fácil ficarmos embriagados com isto tudo.
Disse que sempre que acaba uma novela, a primeira coisa em que pensa é pirar-se para fora de Portugal.
Acho que é muito importante sair da nossa zona de conforto, sair do sítio onde estão as minhas rotinas. Viajar é o melhor investimento da vida, independentemente do destino. O importante é ir. E voltamos sempre mais ricos.
Que tipo de viajante é?
Muito simples: odeio hotéis muito caros, cheios de alcatifa e de rebanhos. Odeio tours. Gosto de alugar uma casa ou um quarto numa casa. Gosto de estar duas horas a falar com um local que depois me vai levar a jantar com ele a um restaurante no meio dos locais. Claro que, por vezes, também me ponho em situações menos simpáticas, mas por norma corre bem.
Recorda-se de alguma situação específica?
Tantas. Mas eu e a Vera costumamos contar uma muitas vezes. Uma daquelas coisas que só depois é que pensamos “como é que nos metemos numa situação estas?”. Estávamos na Tailândia, num sítio que nos tinham aconselhado, e pegámos numa canoa para irmos à descoberta de umas grutas. Perdi-me dentro da gruta, com a Vera aos gritos. Podia ter caído a noite e nós ali. Eu fico autista nas viagens.
Esse lado de viajante e de curioso é reflexo de uma certa insatisfação?
Os meus amigos dizem que sou o eterno insatisfeito. Não sei… Gosto de procurar, sou muito curioso e observador, mas não sei se isso é insatisfação. Acho que viajar é a única situação em que nos damos realmente às coisas, pois estamos em locais onde não conseguimos controlar tudo. Ainda agora, vamos um mês e meio para os EUA, sabemos o que faremos nos primeiros dias, mas depois gostamos de deixar as coisas fluir. Para uma vida programada ficamos cá.
Quando se viaja redimensiona-se tudo, sobretudo em destinos como a África?
Acho que é uma consequência e mais uma das razões para viajar. É bom percebermos que somos insignificantes. Aliás, já aprendi há muito tempo que somos só um grão de areia.
O que o fez aprender isso?
Não sei, não tive uma epifania. Mas já o aprendi. Há outras realidades.
Nesses destinos dá por si a querer ser o salvador do mundo?
Tenho muitas vezes essa discussão, até com a Vera. Não sei se, por vezes, não é o contrário, e não são eles que nos estão a ajudar. Lembro-me de ser bastante mais novo e ir fazer um raid de jipe no deserto do Sahara. Parámos numa parte do deserto salgado, em que é tudo plano, e aparece um miúdo ao pé de nós. Comprámos tudo o que ele trazia para vender, na maioria fósseis. Depois disso, um dos integrantes do raid começou a dizer que, se calhar, ao termos comprado aquilo tudo, fomos desequilibrar a vida do rapaz. Penso muito nestas questões do equilíbrios e do ajudar, ou não, mas ainda não consegui chegar a nenhuma conclusão.
Começou a viajar muito cedo?
Fazia viagens de carro com os meus pais, pela Europa. Enchíamos o porta-bagagens e lá íamos, os meus pais, eu e a minha irmã. Depois os meus pais separaram-se.
E deixou de viajar?
Não, continuei, mas já não era de carro.
As primeiras memórias são marcadas pelo carro?
Acho que sim… Lembro-me que o meu pai tinha um tijolo de cassetes por debaixo do banco e há músicas que ainda hoje me fazem lembrar essas viagens. O meu pai adora Gipsy Kings! E lembro-me do cheiro a tabaco de cada vez que o meu pai acendia um cigarro. De resto, das primeiras viagens que me lembro foi de ir a Itália comer pizza e de ir ao Mónaco fazer o percurso da F1. Mais tarde fiz muitas viagens com o meu pai para fazer ski. E logo aí, todo o dinheiro que ganhava, já era para fazer viagens.
Nasceu a 26 de Novembro de 1981, em Lisboa.
Sim, mas vivi sempre em Carcavelos, até aos 27, altura em que comprei uma casa na Ajuda. Para mim esse era o limite para um puto da Linha se poder aproximar de Lisboa. Mas entretanto já estraguei tudo [risos]. Já morei em tantos sítios em Lisboa, já mudei de casa tantas vezes! Mas entretanto voltei outra vez para o Estoril.
Porque era tão renitente a viver em Lisboa?
Para um puto da Linha viver em Lisboa é assustador, é muito confuso, não tem o mar ali ao pé. Na minha cabeça a Ajuda era o limite. Ainda estava perto da Linha.
E perto da sua mãe?
Eu sou um menino da mamã. E um menino da Linha. Sou um menino [risos]
Porque diz que é um menino da mamã?
Sempre fomos os dois muito amigos, sempre conversámos sobre tudo. Os meus amigos fugiam para sair à noite, eu não precisava de o fazer. Sempre fomos parceiros. Quando contava isto a alguém chamavam-me menino da mamã. Mas se isto é ser menino da mamã, então sou.
Essa parceria intensificou-se com a separação dos seus pais?
Eu era muito novo quando eles se separaram, tinha uns sete anos. E foi uma separação muito tranquila, nada dramática. Lembro-me deles juntos e depois deles separados, mas tudo muito bem resolvido. Com a minha mãe, quando fiquei mais velho, e entretanto a minha irmã também esteve quatro anos a viver em Moçambique, ficámos ainda mais amigos.
Como é a relação com a sua irmã? Sempre disse que não era mal comportado, mas como a sua irmã era tão perfeita qualquer coisa que fizesse parecia sempre grave.
Sempre. Nós andámos os dois nos Maristas de Carcavelos, e ela é mais velha. É muito engraçado porque eu chegava e, ou não se lembravam da minha irmã porque ela era tão caladinha que não levantava ondas, ou então estavam sempre a dizer-me como é que eu era assim se a minha irmã era exemplar. É terrível vir depois de alguém exemplar, alguém que não tinha uma única negativa. O termo de comparação era sempre espectacular e eu ficava sempre atrás, a ouvir dizer “olha a tua irmã!”. [risos]
Hoje fala nisso a rir-se, mas na altura não devia ser bem assim…
Sempre tive a filosofia de que, se isto é de zero a vinte e se a partir de dez é positivo… Então o meu objectivo era o 9,5. Os meus pais ficavam malucos com isto.
Na adolescência, na Linha, havia muitas distracções? Passava o dia na praia?
Nem tanto. Só aprendi a fazer surf a propósito de um filme que fiz. Passava horas na praia, mas na areia, de volta das miúdas, enquanto os meus amigos iam surfar. Nunca fui um grande desportista. Por exemplo, nunca tive muito jeito para jogar à bola. Mas como sempre fui um grande relações públicas conseguia sempre fazer amizade com o capitão de equipa e lá me deixavam jogar dez minutos só para não me sentir excluído.
Mas se não jogava futebol nem surfava, a sua adolescência foi passada a fazer o quê?
Passava muito tempo na rua, com os meus amigos. Sem fazer nada. Era um índio, um insolente. E também era um palhaço. Mas não era mal-educado. Fazíamos coisas muito parvas. Uma vez fomos ao armário das chaves do colégio e trocámos as chaves todas. Ninguém teve aulas porque não se conseguia abrir as portas das salas.
Ser palhaço é uma defesa?
É, claro. É uma grande ajuda para quando não quero encarar as cosias com seriedade. É uma arma que fui adquirindo.
Nessa altura, no meio de toda a brincadeira, tinha alguma noção do que queria fazer na vida?
Acho que tinha, porque arranjava sempre maneira de ser eu a apresentar as festas da escola. Desde muito cedo que arranjei sempre maneira de participar nestas coisas, mas não sabia muito bem porquê nem sabia bem que profissão poderia ter. Até porque não conhecia ninguém que fosse actor, nem tinha ninguém na família ligado a esta área.
Como é que a família encarou a sua opção?
Inicialmente não acharam piada nenhuma. Mesmo. Eu queria ir estudar representação para fora e foi das poucas vezes que o meu pai marcou um encontro formal comigo, num bar chamado Metro e Meio. Chegámos lá perguntou o que é que eu queria beber e depois disse-me: “Vais fazer um curso superior primeiro e depois eu pago as tuas teatrices”. E eu fiz o que ele queria, fui para arquitectura e depois para direito.
Depois desisti porque fui escolhido num casting. Ainda hoje o meu pai diz que um gajo que muda de arquitectura para direito só pode ser artista. O meu pai é cirurgião ortopedista, mas a verdade é que o meu pai também foi sempre um bocado palhaço. A minha avó contava que ele, quando era pequeno, ficava na praia a contar piadas, as pessoas iam-se aproximando e davam-lhe moedas, que ele depois usava para ir comprar gelados às escondidas.
Afinal o seu pai já tinha essa veia de performer…
Pois! Tinha um tio que era jogador de futebol, o José Manuel Martins, com uma quinta gigantesca no Alentejo onde nós íamos passar muitos Verões. Ao jantar o meu pai aparecia sempre com outro senhor, os dois mascarados, e faziam uns teatrinhos. Acho que, na verdade, a culpa disto é dele. E até acho que tem uma inveja saudável! Mas o meu pai não foi o único a reagir assim.
A minha avó paterna, que já morreu, dizia que eu ia para a vida boémia! A minha avó era uma mulher muito dura e lembro-me dela dizer ao meu pai que eu devia ser deserdado. Quando ela já estava muito doente, nos cuidados intensivos, fui visitá-la e pôs-me um papel no bolso do casaco. Quando saí e abri o papel, dizia: “Vi todos os teus trabalhos”. Tenho tido muita sorte, tenho tido sempre trabalho e acho que isso descansou a família. Sei que há muita gente que critica, mas eu adoro fazer televisão.
Fazer sobretudo televisão é uma opção sua?
Já deixei de fazer muito teatro porque estava a gravar novelas. Deixei porque não era compatível para a produção da novela ou porque eu próprio achei que ia ficar sem vida. Sempre defendi que tinha de ter tempo para mim. Há outros colegas que fazem televisão, teatro, cinema… Mas eu não penso assim. Já tive novelas em que gravava seis dias por semana e não aconselho a ninguém. Acho que dificilmente faria duas coisas diferentes igualmente bem. Prefiro fechar um dossiê antes de abrir o próximo.
Não se assusta com os rótulos? Se apostar tudo na televisão, daqui a uns anos ninguém o convidará para fazer teatro ou cinema.
Acho que, se eu quiser fazer teatro, tenho de ir dizer às pessoas. Porque neste momento, quem pensa num elenco para uma peça, não pensa em mim porque acha que eu estou nas novelas. Mas não tenho vergonha nenhuma de fazer saber que estou disponível e que gostava de fazer teatro. Não é pedir trabalho, é mostrar-me disponível. Em Outubro vou fazer um espectáculo na Madeira.
E o cinema? Continua a ser a sua pedra no sapato?
Pois… Mas faço a mesma coisa. Ainda agora liguei para a Patrícia Vasconcelos porque o pai dela [António Pedro Vasconcelos] ia filmar, a dizer que estava disponível. Mas não havia nenhuma personagem para mim. Não tenho vergonha nenhuma em ligar a mostrar-me disponível, até para uma figuração especial. Fiz a mesma coisa naquela série, “O Bairro”. Eles estavam a trabalhar com o David Chan, dos Mad Stunts, e eu queria muito fazer formação em stage fight. Então disse ao produtor que, se precisasse de um tipo para levar porrada, eu estava disponível. E fui. Fiz uma cena com uma peruca de rastas. Acho que ninguém me reconheceu.
Mas gostava de fazer mais cinema, até porque acho que tudo começou por aí. Desde miúdo que adoro cinema. O meu segundo padrasto tinha uma paixão e uma colecção enorme de VHS e eu varri aquilo tudo. Gosto muitos dos pormenores e o cinema é feito de pormenores.
Não serão muitos os actores que ligam a um produtor ou a um realizador a dizer que estão disponíveis, mesmo que seja apenas para uma figuração especial.
Não tenho vergonha nenhuma. Não ligo a pedir uma cunha. Ligo para dizer que não estou só disponível para papéis grandes. Até porque gosto de estar no set a ver como se faz. Ver os mais velhos a trabalhar foi sempre uma grande escola para mim.
O que o levou a escolher arquitectura?
Tinha jeito para desenhar e sempre fui criativo. Até gostava de arquitectura, mas percebi que seria incapaz de ser arquitecto. Por isso desisti. Estive seis meses em modo bon vivant, até que estava a ser pressionado para tomar decisões. O meu avô e o meu tio são advogados e pensei que poderia ser uma solução. Só estive um ano no curso. Mas durante todo esse tempo, sempre que sabia de um casting ia tentar a minha sorte.
Mas tinha uma agência?
Não. Ia para as filas de todos os castings e mais alguns. O casting em que fiquei [“Sonhos Traídos”, 2002] foi no teatro Vasco Santana, na antiga Feira Popular. Lembro-me que a fila dava a volta ao recinto. Eu, como sempre fui esperto, passei à frente. Descaradamente.
O que recorda desse casting?
Recordo-me que o Pêpê Rapazote me deu uma grande ajuda. Ele estava cá fora a passar texto connosco. Saí de lá a achar “nunca na vida”. Mas entretanto chamaram-me para um segundo casting, que fui fazer cheio de febre. Depois o tempo foi passando, já estava farto de não saber a resposta e liguei para a NBP [actual Plural]. A senhora que me atendeu o telefone, que hoje em dia é uma grande amiga, só me disse: “Olhe menino, aqui trabalha-se”. E desligou-me o telefone. Depois o Ivan Coletti ligou e foi a minha mãe que atendeu…
Lembra-se do primeiro dia de trabalho?
Lembro-me. Abri uma porta e tinha três câmaras e a Eunice Muñoz à minha frente. Foi horrível. Ainda agora repetiram e estava mesmo horrível.
Quando começa a ganhar consciência de que a sua vida estava a mudar?
Fiz essa primeira novela e depois fui fazer um curso de um ano e tal na Casa do Artista. Quando estava a acabar, chamaram-me para os “Morangos com Açúcar”. Aí é que foi pior. Ainda que, no meu grupo, tínhamos quase todos os pés no chão. Mas os Morangos foram um boom para toda a gente. Estamos a falar de uma novela que ia ter 120 episódios, mas durou nove anos.
Quando aceitou fazer a “Floribella” achou que, como tinha feito os “Morangos com Açúcar”, já estava preparado para aquilo tudo?
Quando fui fazer a “Floribella” ninguém dava nada por aquilo porque, na altura, a SIC não produzia em português. Foi um risco.
Não se arrepende dessa opção?
Brinca-se muito, mas não nos podemos esquecer que aquilo era um produto infanto-juvenil. A SIC é que decidiu pôr aquilo no horário nobre. Enquanto produto para o universo infantil era bastante bom.
Mas gozavam muito consigo?
Ainda hoje sou o Diogo Amarelo. E eu e a Vera somos a Família Amarela.
Alguma vez pensou que, graças à “Floribella”, ia receber o Globo de Ouro para o Melhor Beijo com a Luciana Abreu?
Lembro-me de entrar na sala da Teresa Guilherme e perguntar: “Tu não nos vais fazer isto, pois não?”. Acho que foi um prémio de consolação que nos deram. Mas sou o único actor em Portugal que ganhou um Globo para o melhor beijo.
Quer os “Morangos com Açúcar” quer a “Floribella” renderam-lhe uma percentagem grande de fãs muito jovens…
Que hoje em dia já são mais crescidos. Mas o mais giro ainda eram as crianças. Ainda hoje me falam dessas personagens.
Costuma dizer que, quando faz novela muito tempo, é inevitável ficar formatado.
Sim, fica-se formatado para fazer televisão. Costumo escrever “Desconstrói” em todas as páginas dos meus guiões para me lembrar de que tenho de fazer diferente, tenho de fugir ao óbvio. Preocupo-me muito com isso.
Nunca se sente vítima da síndrome Leonardo DiCaprio?
Como assim?
Os anos passam, mas continua a parecer um miúdo e portanto acaba refém de determinado tipo de papéis. Por exemplo, é muito difícil imaginá-lo a interpretar o papel de um pai.
Mas isso até na vida real, às vezes… “Ah, quem és tu?!?” [risos]. Quando digo que tenho 33 anos, não acreditam, é verdade.