Yanis Varoufakis ironiza sobre as acusações que foram apresentadas no Supremo Tribunal contra si, e diz que as usará "como medalhas de honra". O antigo ministro grego, que goza de imunidade parlamentar – pelo menos até o Parlamento decidir em sentido contrário – está a ser acusado por dois cidadãos de ter traído a Grécia, ao preparar um plano alternativo á manutenção do país no euro.
No seu blogue pessoal, Varoufakis diz não entender por que se viram contra si, em vez de "acusar e perseguir aqueles que, trabalhando nos sector público, têm como função ser lacaios e tenentes da troika (enquanto recebem salários substanciais pagos pelos já sofridos contribuintes gregos)". E continua: "Uso as acusações como medalhas de honra".
"A orgulhosa e honesta negociação que o governo do Syriza conduziu desde o dia em que foi eleito já alterou o debate público europeu para melhor. O debate sobre o défice democrático que atinge a zona euro é agora imparável. Infelizmente, os 'cheerleadears' nacionais da troika não parecem capazes de suportar essa vitória histórica", escreve ainda 'enfant-terible' da política grega.
"Os seus esforços para criminalizar" o que Varoufakis tentou fazer – "desenhar métodos inovadores para desenvolver as ferramentas do Ministério das Finanças, mas lidar de uma forma eficiente com as dificuldades de liquidez que a troika provocou" no país – "vão bater nos mesmo bancos de areia que destruíram a sua campanha contra o 'não' no referendo de 5 de Julho: na grande maioria de gregos destemidos", avisou o antigo ministro.
O Supremo Tribunal enviou um requerimento ao Parlamento grego para decidir se a imunidade parlamentar do responsável será levantada, numa altura em que um procurador grego já anunciou publicamente que está a investigar se e quantos crimes foram praticados durante a preparação do plano alternativo por Varoufakis. É que o antigo ministro admitiu, numa conversa com investidores londrinos, que mandou piratear o sistema da Autoridade Tributária grega para copiar os dados dos constribuintes gregos.