Diplomacia económica


Com a polémica instalada à volta do ex-presidente brasileiro Lula da Silva, e da eventual utilização da sua influência a favor de certos negócios, voltou-se falar do conceito de diplomacia económica. Este tem sido, nos últimos anos, apresentado como um novo modelo de actuação dos Estados a favor das empresas nacionais. No entanto, nas últimas…


Com a polémica instalada à volta do ex-presidente brasileiro Lula da Silva, e da eventual utilização da sua influência a favor de certos negócios, voltou-se falar do conceito de diplomacia económica. Este tem sido, nos últimos anos, apresentado como um novo modelo de actuação dos Estados a favor das empresas nacionais. No entanto, nas últimas semanas, embaixadores, políticos, jornalistas e até empresários começaram a questionar se será bem assim.

A ideia de favorecer empresas nacionais parece simpática, mas apresenta alguns problemas. O primeiro, e o mais óbvio, é que o auxílio a certas empresas para fazerem negócios no estrangeiro, para internacionalizarem a sua carteira de clientes, dificulta ou impede outras, sem o mesmo acesso à diplomacia económica do Estado, de entrar nesses mesmos mercados. Naturalmente, e porque nunca vemos os negócios que não foram feitos, mas os fechados, somos forçados a encarar o conceito de diplomacia económica como positivo e sem custos. Mas estes existem, e um olhar mais atento e isento à realidade leva-nos a conclusões diferentes.

A outra questão, de certa forma ligada à primeira e que parece só agora ter agora sido vislumbrada, traduz-se na fronteira muito ténue entre apresentar certas empresas a um outro país e favorecê-las. Quando todos os dias se ouvem críticas à promiscuidade existente entre a política e os negócios, seria interessante encarar-se essa confusão como inerente a mais um conceito de ingerência dos Estados num mundo onde não deviam entrar.

Advogado. 
Escreve à quinta-feira 

Diplomacia económica


Com a polémica instalada à volta do ex-presidente brasileiro Lula da Silva, e da eventual utilização da sua influência a favor de certos negócios, voltou-se falar do conceito de diplomacia económica. Este tem sido, nos últimos anos, apresentado como um novo modelo de actuação dos Estados a favor das empresas nacionais. No entanto, nas últimas…


Com a polémica instalada à volta do ex-presidente brasileiro Lula da Silva, e da eventual utilização da sua influência a favor de certos negócios, voltou-se falar do conceito de diplomacia económica. Este tem sido, nos últimos anos, apresentado como um novo modelo de actuação dos Estados a favor das empresas nacionais. No entanto, nas últimas semanas, embaixadores, políticos, jornalistas e até empresários começaram a questionar se será bem assim.

A ideia de favorecer empresas nacionais parece simpática, mas apresenta alguns problemas. O primeiro, e o mais óbvio, é que o auxílio a certas empresas para fazerem negócios no estrangeiro, para internacionalizarem a sua carteira de clientes, dificulta ou impede outras, sem o mesmo acesso à diplomacia económica do Estado, de entrar nesses mesmos mercados. Naturalmente, e porque nunca vemos os negócios que não foram feitos, mas os fechados, somos forçados a encarar o conceito de diplomacia económica como positivo e sem custos. Mas estes existem, e um olhar mais atento e isento à realidade leva-nos a conclusões diferentes.

A outra questão, de certa forma ligada à primeira e que parece só agora ter agora sido vislumbrada, traduz-se na fronteira muito ténue entre apresentar certas empresas a um outro país e favorecê-las. Quando todos os dias se ouvem críticas à promiscuidade existente entre a política e os negócios, seria interessante encarar-se essa confusão como inerente a mais um conceito de ingerência dos Estados num mundo onde não deviam entrar.

Advogado. 
Escreve à quinta-feira