Categoria Baga Bairrada é selo de garantia

Categoria Baga Bairrada é selo de garantia


Esta nova categoria vai permitir estabelecer diferenças, incrementar a certificação dos espumantes Bairrada e aumentar as vendas, que a Comissão Vitivinícola da Bairrada quer que em 2018 seja de um milhão de garrafas, isto é, quatro vezes mais dos que as 250 mil Baga Bairrada previstas para este ano.


“Uma Região. Uma Casta. Um Espumante: Baga Bairrada”: é este o lema do projecto Baga Bairrada, uma iniciativa da Comissão Vitivinícola da Bairrada (CVB) aberta a todos os produtores da região e que estabelece um standard colectivo para um espumante feito a partir da casta bandeira da região, a Baga. Uma nova categoria para um produto distinto, com regras de produção e identidade gráfica próprias, criada para melhor promover e vender a região – e seus vinhos – em Portugal e no Mundo.

 “A Baga é um património inquestionável, que tem que ser preservado e potenciado.”, in Plano de Ação para a viticultura bairradina. A CVB pretende assim sinalizar, demarcar e autenticar a casta Baga como variedade típica (e predominante) da Bairrada, valorizando a casta, a região vitivinícola, e gerando notoriedade para o grande factor diferenciador: a Bairrada como região com massa crítica suficiente para fazer espumantes brancos de uma casta tinta. Embora a regulamentação desta nova categoria contemple brancos, rosados e tintos, a CVB tem como objectivo principal assegurar um denominador comum e estilo que faça crescer os espumantes “Blanc de Noirs Baga Bairrada”, em particular nos mercados de exportação, onde o espumante português ainda tem dificuldades em afirmar as suas especificidades.

 Por questões climáticas, é difícil produzir todos os anos grandes (volumes de) vinhos tintos de Baga, já a qualidade de excelência nos espumantes desta casta é sempre garantida, o que faz a diferença para a região da Bairrada, ainda mais se “uniformizados” e consolidados numa categoria de produto. A importância da casta Baga na valorização e diferenciação dos espumantes Bairrada é hoje uma realidade indiscutível. Durante anos, vários foram os produtores que encontraram nela o complemento perfeito para os seus lotes de vinho base espumante. No entanto, nos últimos 8 a 10 anos os espumantes varietais de Baga têm ganho adeptos na produção, mas também junto da crítica especializada e do consumidor, que lhe atribuem uma conotação extremamente positiva.

 Espumantes ‘Baga Bairrada’: da conceptualização à realidade

 Liderado pela CVB, foi criado um grupo de trabalho composto pela entidade e por um corpo técnico de sete enólogos, que ao longo dos últimos dois anos tem vindo a definir regras, processos e estratégias para implementação, promoção e divulgação do projecto ‘Baga Bairrada’. Esta iniciativa posiciona os espumantes com assinatura Baga Bairrada num patamar de valorização especial, evitando a guerra de preços e unindo os produtores na criação colectiva de valor para todos e para a região. O plano de comunicação – suportes informativos (microsite, folheto), assessoria mediática, eventos, presença em feiras, activação no ponto de venda, merchandising – tem como objetivo potenciar a projecção da marca ‘Baga Bairrada’ a fim de atrair novos públicos.

 À data de hoje são cinco os espumantes com o selo de qualidade e a logomarca Baga Bairrada, todos eles 100% Baga. De destacar o facto de três deles serem novas referências, criadas de raiz para dar vida a esta aposta da região: Aliança Baga Bairrada Reserva 2013 (Aliança Vinhos de Portugal), Quinta do Poço do Lobo Baga Bairrada 2013 (Caves São João) e Rama&Selas Baga Bairrada 2013 (Rama & Selas). As referências da Adega de Cantanhede e das Caves São Domingos já existiam, muito embora as colheitas que agora chegam ao mercado – Marquês de Marialva Baga Bairrada 2013 e São Domingos Baga Bairrada 2008 – tenham sido afinados a fim de cumprirem todos os requisitos do projecto Baga Bairrada.

A importância económica para a região e de promoção externa para o país

 “Para este ano temos prevista a comercialização de 250 000 garrafas de espumantes Baga Bairrada, fasquia que queremos – e acreditamos que seja possível – aumentar para um milhão já em 2018. Assim, o objectivo é que esta nova categoria de produto ocupe uma quota de mercado de mais de 10%, analisando o universo de espumantes produzidos em Portugal, número que actualmente atinge os onze milhões de garrafas”, afirma Pedro Soares, Presidente da CVB. Um objectivo a alcançar através da adesão de novos players. Existem já outros produtores que têm a estagiar os seus espumantes Baga Bairrada: Caves Montanha, Caves Primavera e o produtor Luís Pato. Estes, entre outros, aderiram desde a primeira hora a esta iniciativa da região.

 A nível económico, o projecto Baga Bairrada é um importante passo para região, ao incrementar a certificação dos espumantes, aumentando assim o número de garrafas com o selo Denominação de Origem (D.O.) Bairrada. Actualmente na região produzem-se cerca de oito milhões de garrafas, o que corresponde a 65% da produção nacional, sendo que apenas 1,5 milhões são certificadas; muitas das restantes são de empresas que ali vão espumantizar os seus vinhos, produzidos com uvas de fora da região, o que não será viável ao aderirem ao cluster Baga Bairrada.

 A diversidade vínica de Portugal é algo que nos distingue e torna únicos. Seria uma mais-valia se não fosse o handicap de notoriedade no estrangeiro; por isso é estratégico que a promoção externa dos vinhos portugueses assente em mensagens generalistas. A Bairrada é reflexo do que se passa no país: a diversidade assenta-lhe que nem uma luva. Pedro Soares é taxativo ao afirmar que “é preciso categorizar a região da Bairrada para a destacar e vender, não só lá fora, mas também dentro de portas. E isso poderá fazer-se através da Baga, a casta rainha da região e uma das que mais  expressão têm ganho nos últimos anos na produção de espumante na Bairrada. O projecto Baga Bairrada é uma das ferramentas para esse caminho”. Com esta nova categoria de produto, a CVB regulamenta um produto (numa categoria) – assegurando a qualidade do volume e a sua consistência – para que seja uma bandeira, não só da região, mas também um eixo de promoção de Portugal no estrangeiro. 

Para que perceba melhor o Projecto Espumantes Baga Bairrada, deixamos o quem é quem do grupo técnico, bem como as regras da produção:

Pedro Soares – Comissão Vitivinícola da Bairrada; Antero Silvano – Caves Primavera; António Selas – Rama & Selas e Caves Montanha; Francisco Antunes – Aliança Vinhos de Portugal; João Soares – Caves Messias; José Carvalheira – Caves São João, José Carvalheira Vinhos e Quinta da Mata Fidalga; Luís Pato – Luís Pato; Osvaldo Amado – Adega de Cantanhede, Quinta do Encontro, Quinta do Ortigão e Quinta dos Abibes)

 Regras de Produção

a) Percentagem da casta Baga: idealmente 100%; no mínimo 85%

b) Tipologia (definida pela intensidade da cor/corante)

. Branco de Uvas Tintas – não pode exceder os 0,160

. Rosado de Uvas Tintas – no mínimo de 0,200

. Tinto de Uvas Tintas

c) Classificação (definida com base no teor de açúcar adicionado; gramas/litro)

. Bruto Natural ou Dosagem Zero – sem adição de açúcar

. Extra-Bruto – menos de 6 gramas

. Bruto – menos 12 gramas

(Extra-Seco; Seco; Meio-Seco; Doce – não estão incluídos)

d) Acidez total do vinho base: mínimo de 5,5 g/l (medido em ácido tartárico)

e) Rotulagem: utilização da logomarca ‘Baga Bairrada’ nas peças de rotulagem do produto; para rosados e tintos, indicação da cor do produto no mesmo campo visual da menção ‘Baga Bairrada’; indicação da data de colheita.

 Os primeiros cinco espumantes Baga Bairrada, com indicação de produtor, referência e PVP.

Adega de Cantanhede . Marquês de Marialva Baga Bairrada Bruto 2013 . €6,90

Aliança Vinhos de Portugal . Aliança Baga Bairrada Reserva Bruto 2013 . €6,95

Caves São Domingos . São Domingos Baga Bairrada Bruto 2008 . €8,00

Caves São João . Quinta do Poço do Lobo Baga Bairrada Bruto Natural 2013 . €8,50

Rama&Selas . Rama&Selas Baga Bairrada Bruto Natural 2013 . €7,20