O governo grego tem pela frente uma tarefa hercúlea, e não é cumprir o memorando de entendimento que foi assinado com os credores internacionais. É mudar a mentalidade e o sistema de um país que há demasiados anos tornou as contas públicas ingovernáveis.
Os dados referentes a 2014, citados pela revista Time, revelam que no final do ano passado a evasão fiscal ascendia a 78 mil milhões de euros na Grécia, quase o valor do resgate que foi pedido aos credores internacionais – cerca de 86 mil milhões de euros.
Uma das exigências das instituições europeias foi a de que o Parlamento grego aprovasse, há cerca de duas semanas, legislação que tornasse a justiça mais célere, precisamente para fazer face àquele que é um dos principais problemas da economia grega: a corrupção.
Um relatório do World Justice Project, também referente ao no passado, revela que a Grécia fica em 32º lugar entre os países do mundo, no que toca ao cumprimento da lei. Tem como vizinhos a Roménia e a Geórgia. Já quando se fala em ausência de corrupção, a Grécia desce para o 34º lugar, também a nível global.
Este é, aliás, apontado como um dos maiores desafios do governo de Tsipras, que terá que ter pulso firme para com os delatores para conseguir uma manutenção sustentada das contas do Estaado. Os impostos representam cerca de 25% do PIB do país, o que significa que sem uma máquina fiscal que funcione, o cumprimento das metas impostas para a Grécia será praticamente impossível.
Atenas continua sob escrutínio a nível internacional, depois de ter sido revelada uma gravação onde se ouve Yanis Varoufakis a admitir que contratou um amigo para piratear o sistema da autoridade tributária grega, algo que fazia parte do plano alternativo que ele tinha para a Grécia. Entretanto, o Supremo Tribunal enviou para o Parlamento duas queixas apresentadas por cidadãos, que acusam Varoufakis de não ter protegido a solvência da Grécia, para que aquele órgão decida sobre o levantamento da imunidade parlamentar do agora deputado.
O procurador-geral da República também está a analisar a gravação onde o antigo ministro das Finanças confessa ter mandado invadir o sistema informático da autoridades tributária, para decidir se avança com uma investigação ao economista.