Turquia rebenta com cessar-fogo e ataca curdos iraquianos

Turquia rebenta com cessar-fogo e ataca curdos iraquianos


Artilharia de Ancara atacou posições do Partido dos Trabalhadores do Curdistão e Merkel telefonou ao primeiro-ministro turco para não pôr em causa processo de paz.


A Turquia deixou cair a máscara e, como sempre se suspeitou, está a atacar violentamente os curdos na fronteira com a Síria e não o Estado Islâmico, organização terrorista que teve sempre o apoio discreto dos islamitas de Ancara. A resposta curda também não se fez esperar e agora também a Europa, pela voz de Angela Merkel, avisa Erdogan para respeitar os curdos. Os factos de ontem podem resumir-se em três acções.

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Em primeiro lugar, dois soldados turcos foram mortos e quatro ficaram feridos num ataque à bomba com um carro, numa zona maioritariamente curda, no sudeste da Turquia, informou ontem o gabinete do governador. A bomba explodiu quando os soldados passavam numa estrada no distrito de Lice, província de Diyarbakir, no sábado, depois do grupo rebelde do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) ter ameaçado não respeitar a trégua, após ataques aéreos turcos sobre as suas posições no Iraque.

Também ontem, a artilharia turca voltou a bombardear posições do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) no norte do Iraque, ataques que comprometeram o processo de paz entre Ancara e os rebeldes, noticiaram os media turcos.
Os ataques de ontem foram lançados a partir de Dingle, no extremo sul da Turquia, e visaram durante várias horas alvos situados próximo da fronteira iraquiana, referiu a agência Dogan, citando testemunhas.

As forças turcas já tinham lançado vários ataques a bases do PKK no norte do Iraque na noite de sexta-feira para sábado. O PKK afirmou que os bombardeamentos foram “uma agressão” e considerou que “romperam as condições de cessar-fogo” mantidas desde 2013.

O telefonema de Merkel O agravamento da situação levou a  chanceler alemã, Angela Merkel, a garantir ontem ao primeiro-ministro turco, Ahmet Davutoglu, apoio na luta contra o terrorismo e exortou-o a “não desistir do processo de paz com os curdos apesar das dificuldades”.

Merkel telefonou a Davutoglu depois de caças turcos terem atacado posições da guerrilha curda no norte do Iraque e de o partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) ter anunciado o fim de um cessar-fogo que mantinha há dois anos. O governo alemão assinalou, em comunicado, que o primeiro-ministro turco explicou à chanceler os avanços na luta contra o terrorismo após um atentado na cidade de Suruç, perto da fronteira síria, atribuído ao movimento Estado Islâmico, que provocou pelo menos 32 mortos e cerca de 100 feridos entre apoiantes da causa curda.

Ao atentado seguiram-se outros ataques contra forças de segurança turcas. A comunidade curda da Turquia acusa o governo de apoiar os jihadistas, o que Ancara desmente. Merkel garantiu a Davutoglu “a solidariedade e apoio” da Alemanha na luta contra o terrorismo e pediu-lhe para respeitar “o princípio da proporcionalidade na aplicação das medidas necessárias”.

Neste contexto, a chanceler alemã instou o dirigente turco a manter o processo de paz com os curdos. Com Lusa