Santos Silva “não voltou à TVI24 por ser malcriado”

Santos Silva “não voltou à TVI24 por ser malcriado”


Director de informação da TVI quebrou o silêncio sobre o polémico fim do espaço comentário de ex-ministro socialista.


Depois da polémica saída de Augusto Santos Silva da TVI24 — o ex-ministro socialista acusou em directo, no seu espaço de comentário, a direcção da estação de falta de “coragem” por ter rescindido unilateralmente o seu contrato — o director de informação da televisão, Sérgio Figueiredo, decide apresentar a sua versão dos factos e afirma que Santos Silva “não voltou à TVI24 por ser malcriado, não porque a sua voz é incómoda”.

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Sérgio Figueiredo usou a sua coluna de opinião no “Diário de Notícias” para reagir às acusações do ex-ministro socialista.  “Para acabar de vez com um monólogo patético e deprimente” (o título do artigo é mesmo este). "Há um mês que mordo os lábios, num acto de contrição que, quem me conhece sabe, é contranatura, não vai com o meu temperamento", justificou. Segundo escreve, o que houve não foi um problema de liberade de expressão. "É de decência que se trata. E da ética que ele [Santos Silva] tanto apregoa."

“Há limites para tudo”, prossegue o director de informação da TVI, que se queixa de há um mês ser acusado de "censura, prepotência… e cobarbia!" de forma "persistente “persistente, insistente, obsessiva, insultuosa”. 

No artigo publicado esta segunda-feira no “Diário de Notícias”, Figueiredo reproduz na íntegra um email que diz ter enviado a Santos Silva a 18 de Junho, como resposta  a uma reclamação por email do então comentador socialista sobre as constantes alterações no horário do seu espaço de comentário ("Os porquês da política"). Nessa mensagem, Figueiredo justifica as constantes mudanças de última hora na programação com um novo estilo de gestão do canal, e em que sublinha que a televisão "não quer livrar-se do seu comentador Augusto Santos Silva, não equaciona rescindir o contrato de prestação de serviços e terá muito gosto e empenho em até renová-lo para o próximo ano". 

Foi nesse mesmo dia 18 de Junho que o ex-ministro socialista fez um post no Facebook em que se queixava que o programa sempre teve “oscilações de horários por razões ligadas com a programação desportiva”, mas que na véspera, 17 de Junho, houve alterações “súbitas e inopinadas”. Segundo Santos Silva, nessa altura Figueiredo questionou-o sobre se queria rescindir o contrato, ao que o comentador terá dito que não. Mas, a 7 de Julho, Santos Silva abriu o seu espaço de comentário com um “ponto prévio” sobre o que disse ter sido uma rescisão unilateral do seu contrato.

Figueiredo, que até agora se tinha mantido em silêncio sobre este assunto, queixa-se de ter sido apanhado de surpresa pelas declarações em directo de Santos Silva, que o acusava de falta de “coragem” por não se dar “ao trabalho de dar explicações públicas” sobre a decisão de rescindir o contrato.

“Quem é cobarde nesta história? Quem bate pelas costas? Quem marca uma conversa em privado, atira uma pedra sem avisar e sem pudor?”, escreve o director de informação da TVI. “Quem põe em xeque um amigo, que conduz um programa em directo, é apanhado de surpresa com os ataques que estão a fazer à sua direcção e à empresa em que trabalha? E como qualificar um homem que entra em nossa casa, senta-se à mesa, aceita o prato que lhe dão, não pára de cuspir para o chão e, ainda assim, recusa-se a sair e ainda se diz vítima da situação?”

E termina: "Alguém perdeu aqui a face. Eu, que apanhei numa e depois noutra, já esgotei as duas que tinha."