Ao fim de doze horas de interrogatório, Ricardo Salgado saiu do Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC) com uma nova medida de coação aplicada pelo juiz Carlos Alexandre: obrigação de permanência na residência aplicada.
À saída do tribunal, o advogado do ex-presidente do Banco Espírito Santo (BES) acrescentou que Ricardo Salgado não ficará sujeito a vigilância electrónica. "Nao há pulseira nenhuma", limitou-se a dizer Francisco Proença de Carvalho.
A defesa do ex-banqueiro avançou ainda que vai recorrer da medida aplicada esta noite por Carlos Alexandre, por considerá-la "desproporcionada".
De acordo com o Código de Processo Penal (CPP), a "obrigação de permanência na habitação" – a segunda medida de coacção mais gravosa, a seguir à prisão preventiva – impede o arguido de se ausentar, "ou de não se ausentar sem autorização", do local onde resida. Salgado fica, ao mesmo tempo, impedido de contactar, "por qualquer meio, com determinadas pessoas". O CPP prevê que na aplicação desta medida possam ser "utilizados meios técnicos de controlo à distância". Uma opção que o juiz Carlos Alexandre considerou desnecessária.
Ricardo Salgado chegou ao TCIC por volta das 9h30, apresentando-se pela segunda vez a interrogatório na mesma semana. Na segunda-feira, divulgou hoje a Procuradoria-geral da República, Salgado já tinha sido interrogado por Carlos Alexandre, sendo nessa altura constituído arguido no âmbito do processo "Universo Espírito Santo".