De volta


De volta às cores fortes e inesquecíveis, ao borborinho do Bandin, às filas intermináveis de mercedes orgulhosamente lustrados, aos rostos cansados mas não menos sorridentes, a um tempo que passa a um ritmo diferente – nem apressado, nem lento. Os cheiros da terra húmida, vermelho-sangue, levantada pela chuva, a humidade sufocante que nos acomoda e…


De volta às cores fortes e inesquecíveis, ao borborinho do Bandin, às filas intermináveis de mercedes orgulhosamente lustrados, aos rostos cansados mas não menos sorridentes, a um tempo que passa a um ritmo diferente – nem apressado, nem lento. Os cheiros da terra húmida, vermelho-sangue, levantada pela chuva, a humidade sufocante que nos acomoda e os risos das crianças apressadas em viver o futuro identificam: estou de volta à Guiné.

Desta feita para mergulhar na profundidade da sua realidade, percorrer o país e conhecer a sua verdadeira realidade, onde não chega a luz, o conhecimento nem a generosidade.

Faz-nos bem viver estas experiências. Aliás, fazia bem a muita gente que em Portugal se queixa de nada – literalmente de nada. Aqui onde não há tempo para matar e é o tempo que mata a gente. Onde o futuro pode acabar a cada dia e cada dia é vivido sem preocupação. Faz-me bem vir aqui e levar comigo as experiências que não se contam, que se sentem, cheiram e gravamos na memória.

O que faço aqui? Insignificante aos olhos de muita gente, ganha contornos gigantescos nesta Guiné profunda. O apoio dos seus governantes e o empenho das autoridades alimentam o sonho de tornar realidade os pequenos passos que aqui damos.

Acredito no que faço porque vejo nos olhos destas pessoas a esperança e a curiosidade de conhecer. Porque sinto que podemos de forma eficaz diminuir as suas dificuldades, mas mais do que isso, porque as podemos capacitar e permitir-lhes queimar etapas básicas no desenvolvimento humano. Porque vejo nos seus rostos, ao deixá-los, a expressão de expectativa de um retornar, que desta vez não será mais uma esperança adiada.

Não há ainda muito para contar, apenas uma ideia que nasceu forte e parece cada vez mais determinada a crescer. Um sonho que, estou certo, em breve se tornará realidade e o qual prometo aqui voltar para vos contar. Até lá, alimento-o das memórias destas gentes esquecidas, os tais de rostos cansados mas não menos sorridentes. Até lá, acredito que podemos fazer a diferença.

Escreve ao sábado 

De volta


De volta às cores fortes e inesquecíveis, ao borborinho do Bandin, às filas intermináveis de mercedes orgulhosamente lustrados, aos rostos cansados mas não menos sorridentes, a um tempo que passa a um ritmo diferente – nem apressado, nem lento. Os cheiros da terra húmida, vermelho-sangue, levantada pela chuva, a humidade sufocante que nos acomoda e…


De volta às cores fortes e inesquecíveis, ao borborinho do Bandin, às filas intermináveis de mercedes orgulhosamente lustrados, aos rostos cansados mas não menos sorridentes, a um tempo que passa a um ritmo diferente – nem apressado, nem lento. Os cheiros da terra húmida, vermelho-sangue, levantada pela chuva, a humidade sufocante que nos acomoda e os risos das crianças apressadas em viver o futuro identificam: estou de volta à Guiné.

Desta feita para mergulhar na profundidade da sua realidade, percorrer o país e conhecer a sua verdadeira realidade, onde não chega a luz, o conhecimento nem a generosidade.

Faz-nos bem viver estas experiências. Aliás, fazia bem a muita gente que em Portugal se queixa de nada – literalmente de nada. Aqui onde não há tempo para matar e é o tempo que mata a gente. Onde o futuro pode acabar a cada dia e cada dia é vivido sem preocupação. Faz-me bem vir aqui e levar comigo as experiências que não se contam, que se sentem, cheiram e gravamos na memória.

O que faço aqui? Insignificante aos olhos de muita gente, ganha contornos gigantescos nesta Guiné profunda. O apoio dos seus governantes e o empenho das autoridades alimentam o sonho de tornar realidade os pequenos passos que aqui damos.

Acredito no que faço porque vejo nos olhos destas pessoas a esperança e a curiosidade de conhecer. Porque sinto que podemos de forma eficaz diminuir as suas dificuldades, mas mais do que isso, porque as podemos capacitar e permitir-lhes queimar etapas básicas no desenvolvimento humano. Porque vejo nos seus rostos, ao deixá-los, a expressão de expectativa de um retornar, que desta vez não será mais uma esperança adiada.

Não há ainda muito para contar, apenas uma ideia que nasceu forte e parece cada vez mais determinada a crescer. Um sonho que, estou certo, em breve se tornará realidade e o qual prometo aqui voltar para vos contar. Até lá, alimento-o das memórias destas gentes esquecidas, os tais de rostos cansados mas não menos sorridentes. Até lá, acredito que podemos fazer a diferença.

Escreve ao sábado